Pretendo conservar as mãos longe do sangue das manchetes que o primeiro jornal me apresenta em bandejas, como pão-pra-toda-mesa, prato que sou pra esse dia que não conheço.
Devo estar alerta, humildemente pronta pro sinal de ancorar, mas, entre o domingo e eu há um certo gosto duvidoso de segundas-feiras e outras feiras quaisquer que existirem por aí, porque não sei se domingo aqui ou lá fora, se mais uma vez errei de hora de chegar ( e é preciso calar a boca diante das convenções) ou se falhou o dia envolto em ausência.
Domingarei em algum jardim zoológico _ talvez crianças e feras me entendam, por instinto de pureza. Estenderei redes em verdes áreas humanizadas, enquanto me levo lavada de concessões, premente de doações e gestos livres de toda a vida.
Por onde sigo domingante, não percebo recompensas. Aqui neste estado central de coisas, o mar escapuliu do tempo e desfez-se em forças de manhã crescente e ruídos insudíveis; sonoridade de água mole em pedra.
E vou me alimentando de estranhas circunstàncias novas, com essas intenções de fuga a que me sinto lançada por questão de car6encias, por flores que só olhos semeiam. Eu tenho as chaves de abrir o dia.