Anoiteceu suavemente. O crepúsculo foi rápido e de poucas cores opalescentes. Num momento ainda remanesceram as luzes do sol, logo a seguir, os retalhos escuros da noite dominaram o firmamento. E, a pouco e pouco, pintalgando a noite escura, o pirilampear de incontáveis estrelas.
Aí, então, depois de um árduo dia de trabalho, pude recostar-me ao leito e deixar que os pensamentos fluíssem espontaneamente... A primeira reflexão que me acudiu foi exatamente sobre a ambição dos homens. Dominados pela cobiça, perdem a noção da amizade, da fraternidade, da caridade, do amor. E não há medidas para suas atitudes, para os impulsos, para a determinação de conseguir seus objetivos podres, custe o que custar haja o que houver. Depois, vencedores ou vencidos, experimentam o travo amargo da vitória de Pirro ou da derrota de Waterloo.
Num segundo momento, refleti sobre a ingratidão. As pessoas recebem favores, pequenas ou grandes ajudas e, logo em seguida, numa atitude que somente pode ser justificada pela vergonha de terem um dia precisado do próximo, voltam-se contra os seus benfeitores. Aliás, a própria bíblia sagrada nos apresenta várias passagens sobre a ingratidão para com Jesus Cristo. Se o próprio Cristo foi vítima dos ingratos, nós não devemos estranhar nem lamentar aqueles que nos dão as costas após receberem nossa ajuda.(Amici ad quid viniste)
Por fim, lembrei-me dos injustiçados (os que têm fome e sede de justiça). Nos dias que correm, por sinal, como pululam pelos quatro cantos deste planeta as pessoas que buscam denodadamente a justiça que lhes é negada. Mas, ainda assim, não se desesperam, acreditam na supremacia do bem sobre o mal.
Aí o sono veio chegando de mansinho, levando minha mente para os páramos do irreal...