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cronicas-->A decisão é que me mata -- 23/07/2002 - 16:38 (José Ronald Cavalcante Soares) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu era ainda um jovem de 14 anos quando li a estória que agora lhes passo, por sinal, pelo mesmo preço que a comprei, isto é, que a li, no gostoso livrinho "Readings from the reader s digest".
Dizia o livro que um jovem rapaz buscou emprego numa pequena fazenda americana. O dono da fazenda(uma fazendinha familiar), ao abrir a porta e ouvir o apelo do rapaz, foi tratando de fechar a porta com uma seca resposta: "eu não tenho emprego".
Mas, o rapaz, suavemente, resistiu com o corpo e não permitiu que a porta se fechasse. Continuou insistindo, dizendo que não queria salário, apenas, um lugar para dormir e um pouco de comida.
O homem era evangélico e condoeu-se da situação do rapaz. Lembrou-se, também, que os seus filhos detestavam cuidar dos cavalos e dos porcos. Olhou para o forasteiro e disse:
- Bem, se você quiser uma tarefa árdua, eu posso lhe oferecer: cuidar dos animais...cavalos e porcos.
O jovem, sem pestanejar, aceitou.
E, nos próximos seis meses, ninguém conseguia vê-lo que não fosse trabalhando duro e sem mostrar o menor sinal de cansaço.
Ao cabo de seis meses, quando começou a colheita, o dono da fazenda, então, resolveu dar ao rapaza uma tarefa bem mais leve.
Chamou-o até o celeiro e disse:
- Você hoje vai selecionar as batatas que nós estamos colhendo. Veja, no primeiro depósito você põe as batatas melhores; no segundo, as batatas que, embora não tão boas, podem ser aproveitadas e, naquele último, as batatas que não prestam e que nós vamos utilizar para alimentar os porcos.
E saiu dali certo de que praticara uma boa ação.
Quando caiu a tarde, voltando do campo, dirigiu-se ao celeiro na certeza de que o rapaz já tinha concuído a sua a tarefa.
Qual não foi a sua supresa quando viu o rapaz ainda com grande parte das batatas por selecionar.
- O que foi que houve rapaz? Você ainda não terminou?
- Não senhor. Respondeu o rapaz com a voz sumida, demonstrando um grande cansaço.
- Mas, como ? Você só tinha que decidir se a batata era boa, aproveitável ou imprestável.
- Era, sim senhor. Mas a decisão é que me mata!

E eu fui escolher para mim, justamente, uma profissão na qual a gente tem que decidir sobre a qualidade das batatas todos os dias...
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