Eram vinte e três jogadores que embarcaram desacreditados para a Copa. Para
o povo brasileiro, era apenas uma seleção de pobres coitados inexperientes que
tinham como esperança, trazer o penta.
Depois da contusão de Ronaldinho e da não convocação de Romário, a
maior parte dos brasileiros implorava a Deus que não passassem vergonha
diante do mundo inteiro. Pior ainda aconteceu nas eliminatórias. Com a derrota
contra Honduras, os brasileiros passaram a acreditar que aquele Brasil
talentoso de 94 não era o mesmo. Luís Felipe Scolari foi muito questionado pela
não convocação de Romário, que aparecia na mídia se esbaldando em lágrimas .
Mas, afinal, quem é o técnico da seleção brasileira? Felipão ou 170 milhões de
brasileiros?
Apesar do mal incentivo dos próprios brasileiros, a seleção embarcou
para provar a todos que estávamos errados. De um dia para o outro, o Brasil
começou a ganhar, ganhar e a nunca mais perder. Começou a motivar a torcida
brasileira a vibrar, chorar e gritar. Logo, todos esqueceram do Romário e
começaram a dar valor a Felipão. Este sim que é técnico. Fala duro quando tem
de falar, brinca quando dá para brincar.
O pai Felipão incorporou mais 170 milhões de brasileiros na família
Scolari. Passamos a ser crianças diante da televisão, filhos de Felipão.
Passamos a respeitá-lo e a adorá-lo. Passamos a desejá-lo definitivamente
como técnico da seleção. Este é o exemplo de cidadão brasileiro, um guerreiro.
Obrigada Felipão.
Ronaldo disse em 98 que estava ferido, mas que morto não estava e que
voltaria a ser "fenómeno". Conseguiu provar isso com sua artilharia de oito
gols. Depois de tanto sofrimento na Copa passada, mostrou ao mundo que
ressuscitou e que veio para ficar. Para ficar marcado na história. O joelho,
certamente responsável pelo maior drama de sua carreira, enfim, foi domado.
Ronaldo nos ensinou que viver só é um desafio difícil se não lutar por isso.
Mostrou que pode fazer de tudo, até mudar o corte de cabelo. Mostrou que
pode fazer torcedores brasileiros a fazer igual e ao vestirem a camisa número
9, terem orgulho de serem clones de Ronaldo. Enfim, mostrou que está
encantando o mundo por correr atrás da alegria do povo: o gol.
Além destes talentosos jogadores, temos "São Marcos". Este provou que
é mais forte que a tal "muralha" alemã. Oliver Kahn, Oliver quem? O melhor
goleiro do mundo estava do outro lado. Fazer cara feia e mascar chicletes não
é sinal de melhor goleiro. Oliver se viu de gatinho em busca da bola impossível.
Marcos provou que só com muita fé e força nas mãos, pode-se proibir a bola de
entrar. Parabéns a nossa muralha brasileira: Marcos.
Cafu, então, nem se fala. Este sim nos emocionou. Entre pedaços de
papéis prateados, ergueu a taça, a nossa taça, mais de ninguém. O menino
pobre, rejeitado em vários clubes, foi ao céu. Se ele ficasse assim para sempre,
seria feliz para sempre.
Denílson foi perseguido por um pelotão vermelho de raiva. Rivaldo
mostrou sabedoria e experiência em sua artilheira de cinco gols. Lúcio cometeu
erros, mas conseguiu corrigi-los. Podemos dizer que todos os jogadores tiveram
uma importància fundamental na Copa. Mesmo no banco de reservas, os
jogadores conseguiram transmitir força e otimismo à queles que jogavam.
Hoje nas capas de jornais e revistas de todo o mundo lá está a nossa
seleção estampada, a seleção campeã. Os pobres invejosos como França e
Argentina chegaram a perguntar: Por que eles e não nós?
Como explicar essa sensação que nos deixa com um nó na garganta, que
descarta qualquer chance de segurar as lágrimas, que leva o coração até a
boca? Como explicar as pessoas vestidas de patriota e os carros, as janelas, as
praças, as lojas e até mesmo, o asfalto colorido? Como explicar o otimismo
irradiante nos olhos sorridentes de cada brasileiro e a esperança pulsando
forte em todos os corações? Como explicar as bandeiras que tremulam
febrilmente de norte a sul? É um instinto. Um instinto brasileiro e sem
explicação. É o futebol . É o país do futebol.
Como é bom ver a nossa tão amada pátria dominando o futebol. Como é
bom mostrar ao mundo, que apesar dos problemas que enfrentamos, o nosso
forte é o futebol. Mostrar que não somos o país do risco Brasil na nossa
economia, mas do orgulho Brasil. Mostrar que a diferença entre nós e os
adversários, é que eles têm um time e nós uma pátria inteira. Aprendemos que
devemos acreditar na nossa seleção e não temer qualquer potência. É bom
saber que Deus é brasileiro. Como é bom dizer: Eu tenho orgulho de ser
brasileira!
Vamos em busca do hexa, mas por enquanto basta comemorar o penta. O
problema é que a camisa da seleção está fora de moda. É preciso incorporar a
chegada de uma nova estrela para a coleção. Uma estrela diferente que ficará
memorizada para sempre. A estrela do penta!