No deserto da vida, boca sedenta, olhar angustiado e aflito, não é raro querermos alento.Mas, o sol da indiferença, crestando tudo, mata-nos de sede e cansaço e, no horizonte, nem mesmo uma miragem verde nos acode com uma réstia de esperança.
O delírio toma conta de nosso interior e uma espécie de torpor convida-nos insistentemente a desistir da caminhada no rumo de algum oásis.
No entanto, saída das profundezas do nosso eu, uma chama inconstante e débil não permite que ingressemos por inteiro no mundo das trevas e dos desenganos.
Na hora crítica em que a vida ameaça se desprender do nosso corpo, levando consigo a parte espiritual que nos anima, aflige-nos o contraste do poeta: "na alma do herege há sempre um Deus que chora, na alma do crente há sempre reticências".
E, exatamente na pré-estréia da morte, chega o oásis verdejante na forma de uma alma caridosa que nos dirige a palavra e nos concede um minuto de conforto...Com a garganta ressequida colhe-se alento na pequena fonte da fraternidade.