Tenho medo do escuro, do que não posso ver. Tenho medo do que não posso controlar, do que não há previsão. Tenho medo de mim e de você.
Tenho lido muitas cartas antigas e tenho pensado em muitas pessoas que já não estão em meus dias e noites.
Tenho querido voltar no tempo e me prender nos braços dessas pessoas à chorar, soluçando, assustada, como que tivesse acabado de acordar e o que vivo agora fosse apenas um pesadelo.
Tenho querido morrer ou ir à lugar melhor. Tenho querido saber se não são a mesma coisa. Tenho querido saber muitas coisas, mas seria a ignorante mais feliz se soubesse apenas que você me ama.
Tenho querido dores, tapas e arranhões. Tenho querido carinho, beijos, amor. Tenho querido abrigo.
Tenho querido colo, nino, manha. Tenho tido vontade de deixar a criança triste dentro de mim fazer arte.
Tenho enlouquecido, não, se o tivesse estaria feliz. Tenho me sufocado de controle.
Tenho nos olhos lágrimas secas.
Tenho pensado em você. Tenho sofrido muito, meu amor. Tenho morta a alma e podre o corpo cada vez mais. Tenho te amado cada vez mais. Tenho me perdido de mim.