Na infància, quase sempre, as impressões ficam engastadas na memória e nos seguem pelo resto das nossas vidas.
Nun rápido corte de energia eleétrica ocorrida há algumas noites atrás, tive a oportunidade de ver, refetido numa poça d água que ficara sobre a calçada, o brilho do luar. Imediatamente, como se um botão invisível tivesse disparado uma máquina cinematográfica sentimental e nostálgica, revi-me menino ainda, numa noite igual à quela, com falta de energia, na calçada da Avenida do Imperador. No meio do calçamento de pedra tosca, faiscando ao luar, uma coisa começou a brilhar intensamente.Meu e meu tio, como se tivessem se comunicado por telepatia, tiveram um único e msmo impulso, ergueram-se e foram ao encalço da coisa que brilhava ao luar. Ouvi, então o comentário de ambos: "parece uma joia!". Segui-os a curta distància. Vi quando meu pai agachou-se e falou decepcionado: é um caco de vidro, um simples caco de vidro a nossa joia".
Anos depois, reproduzindo a cena, ele escreveu um soneto intiluado exatamente "Caco de Vidro", no qual aponta as grandes suspresas que a vida nos reserva, principalmente quando nos guiamos pelas aparências. Elas são, na realidade, boas e más surpresas.
Meu pai escreveu sobre as pessoas que andam blasonando grandezas, vivendo de exibições inconsistentes e que, no duro, no duro, não tem sequer do vidro a transferência, o brilho falso.
POr outro lado, outras vezes, formamos idéias negativas a respeito de alguém, só porque tal pessoa prefere viver na luz mortiça, Ã sombra, discretamente. No entanto, com o passar dos dias, para nosso regalo interior, vamos descobrindo coisas boas, virtudes e sentimentos gratificantes no alforge de qualidade e defeitos que cada um de nós porta desde o nascimento.