O Sol passa pelas frestas da persiana . Sol de tarde quase morta. Luz rosa nostálgico batendo na parede oposta . Dias de Espanha .
Eu mal me lembro . Não, eu não lembro . Como era quando você estava aqui, e como ... Como eu era? Como eram os dias, as noites? Que cores batiam na parede?
Toca uma música . May nothing but happines come through your door. Já tocaram outras músicas. Já se passaram alguns minutos, algumas horas. Você as ouviu. Eu cantei pra você. Eu me calei por você. Eu disse tudo. Eu tentei tudo.
Era certo. Era você, eu sei. Era você aquele que... Eu já não sei... Isso existe? Eu já tive esse sonho? Eu ainda me lembro dele? Rostos me circulam. Memórias caem sobre mim.
Me perturbo, vejo coisas, abuso das piores drogas, desfruto das piores doenças, vejo sangue... Eu me salvo.
Eu nunca me amei... Eu sei... Não devia ser assim, mas é... Eu sei... Eu me amava quando estava com você. Quando eu era amada por você. Quando mesmo?
Você era o meu amor, por mim e por todas as coisas vivas nesse mundo que eu particularmente e profundamente me empenho em odiar... Eu sou má, eu sou triste, eu sou desiludida, desgraçada. Eu sou o parvo, a escória. Eu era algo quando você me amava. Um mero reflexo rosa na parede. Uma lágrima a sumir entre nós dois... Fecha a porta. Pára o mundo. Vem cá.
Nasceu uma rosa lá onde a gente brigou. Rosa rosa, rosa nostálgico, rosa de parede de tarde. Tive vontade de arrancá-la, mas não pude. Não pude. A rosa, como toda rosa, murchou, as pétalas secaram, em noite, com fim de tarde, morte de rosa rosa. Chorei.
Dias de Espanha todos os dias. E a noite fico só, eu e Novalis, e o fantasma da rosa rosa, da flor azul. E fico... Toca outra... Take me somewhere nice... Please... Mas... Se fué. Me assombro apenas.