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cronicas-->BRASIL: A UM PASSO DA COLOMBIZAÇÃO -- 27/08/2002 - 14:00 (Ucho Haddad) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Brasil vive a sua maior crise institucional desde o período de ferro. Finda a ditadura, o país foi amealhando, a passos largos, conquistas na área da democracia e da liberdade. Mesmo oprimido pela doentia ditadura financeira, o povo póde se manifestar política e culturalmente, exercendo o sacro direito da cidadania.

Elo de ligação entre o militarismo e a democracia, o general João Batista Figueiredo entregou a José Sarney um país desmanteladamente sólido. Dezoito anos depois, reeditando a façanha de Luís XIV, Fernando Henrique entregará ao seu sucessor um país solidamente desmantelado. A atual situação brasileira assemelha-se ao período do Diretório, última fase da Revolução Francesa, onde a burguesia e os jacobinos se engalfinharam pelo poder.

Hoje, a população vive aterrorizada por obra da ineficiência da realeza tupiniquim. Configura-se a política do entreguismo, onde banqueiros e criminosos dividiram o país de forma assimétrica, editando o Tratado de Tordesilhas do século XXI. Preocupado em colecionar títulos de Doutor Honoris Causa para enfeitar as paredes do bangaló presidencial, FHC irá receber nas urnas o reconhecimento do povo por tê-lo abandonado.

Em outros tempos, os militares já teriam planejado e colocado em prática um golpe de Estado. O caos é tão grande que nem mesmo as Forças Armadas querem assumir tamanha responsabilidade. Falidas e com falta de contingente, preferem permanecer caladas mantendo o status quo.

Antes um mau presidente do que um bom ditador!
Flávio Prado

Então o que fazer?

Débil e inerte, o governo FHC já deu inúmeras mostras de covardia ao tentar defender o povo, permitindo o surgimento de um pilar criminoso de sobrevivência. Cansado de ser vilipendiado e espoliado, o brasileiro passou a adotar, criminosamente, o exercício arbitrário da própria razão. A famosa Lei de Talião, do olho por olho, dente por dente.
Por mais medieval que possa parecer, esta é a dura realidade a que somos submetidos diariamente. Nos últimos dias assistimos exemplos bizarros da falência do Estado e da sociedade.

São Paulo: briga de trànsito termina na morte de uma menina de cinco anos. Insanidade!
Porto Seguro: populares destroem sessenta ónibus em represália a um atropelamento. Revolta!
Rio de Janeiro: traficantes determinam o fechamento do comércio na zona oeste da cidade. Ousadia!
São Paulo: criminoso invade a Santa Casa e executa um paciente. Perplexidade!
Brasília: pai auxilia o próprio filho a esfaquear um colega em sala de aula. Vingança!
Rio de Janeiro: devido à morte de um comparsa traficantes fecham o comércio. Impunidade!
São Paulo: organização criminosa faz acordo eleitoral com o governo. Incompetência!

Estarrecedor, o relato acima é parte de um produto que poderia ser batizado de Os últimos dez dias no Brasil. Ser complacente com este travestido estado de revolta é alimentar uma insurreição popular. O enraizamento do caos é tão profundo que o Estado seria incapaz de conter um levante. A continuar assim, não demora e irão surgir organizações com estruturas similares às das Forças Armadas Revolucionárias da Colómbia - FARC. Se a Colómbia abriga os barões da droga, o Brasil o faz com os príncipes do tráfico.

A criminalidade tem suprido as necessidades do povo, mas impõe a sua regra. A do silêncio e da obediência.. Quando a população eleger o crime como o seu Senhor, o Estado será obrigado a conviver com um poder pseudoparalelo, dono de um contingente sem igual e livre de burocracia. A ditadura do crime, onde o que é combinado não é caro.

Com a cidadania deteriorada, o povo vai partir para recuperar a dignidade, há muito corroída pela omissão do Estado, mesmo que para tal seja necessária uma opção criminosa e violenta, no melhor conceito de que a necessidade não tem limites.

Mesclando-se a Colómbia atual com a França da época da revolução, como um verdadeiro coquetel da realidade, é possível traçar um diagnóstico para o país. Agonizante, o Brasil precisa encontrar, urgentemente, uma saída. Caso contrário, transformar-se-á em laboratório de experiências político-sociais.

Se a saída não surgir, o que nos resta?
Apenas duas opções.

Encontrar um Napoleão ou aceitar a colombização!
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