A gente as vezes se imagina fazendo coisas: aguando plantas, descamando peixe, passando café, apresentando um tema numa conferência, dando uma aula, escrevendo versos, fazendo um discurso, revendo um amigo que se perdeu nas rodas do tempo e sumiu da nossa vista,embora permeneça guardado do lado esquerdo do peito.
Então, como se a alma saísse do nosso corpo, como no conto de Conan Doyle, e voltasse para um corpo estranho, a gente fica observando (assim como se estivesse inteiramente fora da gente mesmo) os hábitos e as coisas que a gente tanto censura nos outros(o egoismo e a ingratidão, por exemplo),praticados pelo nosso alter ego, um clone desgracioso e estúpido, incapaz de captar a sensibilidade dos sucessos cotidianos que a gente tanto apregoa.
E nos decepcionamos com os nossos pecados diários, com a nossa teimosia, com a noss indiferença, com a nossa grosseria, com as nossa incapacidade de enxergar um palmo adiante do nariz, portanto, cegos para ver as coisas boas da vida que nos são dadas inteiramente de graça por Deus Nosso Senhor.