DOM HELDER-O Prisioneiro doVaticano I Autor:Harrison Oliveira
Editora Universitária ,UFPE-1999- 124 páginas
Por Maria do socorro cardoso xavier
O escritor e jornalista Harrison Oliveira, paraibano de Campina Grande, autor de vários outros livros publicados-Reflexões sobre a miséria do Nordeste; Tancredo Neves;o mito e a realidade;Os Salvadores da Pátria; Um Certo Coronel Chico Maria; Viagem a França Imortal e Memória de um golpe de Estado-no prelo. O autor é professor universitário e bacharel Em Direito pela Faculdade Nacional de Direito-Universidade do Brasil.
Nesta magistral obra,;DOM HELDER,O PRISIONEIRO DO VATICANO I,o escritor e jornalista Harrison traça sob linguagem escorreita um fiel perfil do Marcante arcebispo de Olinda e Recife, Dom Helder Càmara,figura por demais controvertida no seio do clero , pela sua opção pelos oprimidos,sem no entanto aceitar ser apontado como comunista, principalmente nos anos de repressão=l964-l985 no país.-que por sua bonomia, ingenuidade caiu na armadilha da conivência com os que acreditavam na implantação de uma República sindicalista por João Goulart, nociva e porta aberta para o comunismo no Brasil.
Apesar dos paradoxos de D Helder, que o autor detecta através de suas ações e palavras, destaca a incontestável inteligência do arcebispo, refletida na criação de entidades como a CELAN,a CNBB e outras Na realidade D.Helder se traduzia como um humanista cristão, de níti-
das restrições ao capitalismo; O regime capitalista é intrinsecamente egoísta,sem jeito e sem Não vejo saída para o mundo numa linha capitalista ou neo capitalista.
A obra do escritor Harrison Oliveira, documenta-se e embasa-se numa substancial entrevista realizada pelo inteligente jornalista com o antiste D. Helder Càmara, na qual o arcebispo declara ;no Brasil não existe ordem social, mas uma desordem estratificada. O autor não obstante reconhece o trabalho de doação cotidiana de DOM HELDER na modesta Igreja das Fronteiras, junto à população desfavorecida de Olinda e Recife.É ressaltada sua índole acolhedora .No entanto o autor também deixa transparecer que D. Helder poderia ter avançado ideologicamente se não fora seu Aprisionamento a ortodoxia do Vaticano I.Preferi a passividade defensiva e plácida, recolhendo-se na Igrejinha da Boa Vista.,sem ousar libertar-se dos cànones da Igreja .Afirmou em passagens da entrevista; A Igreja interessa tão somente ser fiel a Cristo, espalhar o Evangelho e nada mais. A missão da Igreja é evangelizadora.
O jornalista e escritor Harrison não poupa o antiste de críticas sob uma análise global da conjuntura e contexto político, nos conluios Estado e Igreja, como potencia o Vaticano, desde pretéritas épocas, vem assassinando a essência do cristianismo primitivo. O autor denota ampla cultura histórica do medievo clerical, formador do farisaísmo católico ocidental. O próprio Dom Helder afirmou na entrevista; quando a Igreja servia como suporte de regimes de escravidão, éramos tido como bons parceiros.Após João XXIII com o Vaticano II, fomos taxados de subversi.
vos..
Sob a ótica de Harrison , Dom Helder cometeu certas heresias, no sentido de atitudes e afirmações paradoxais, certos casuísmos, a exemplo, o seu silencio de Esfinge ante o assassinato do padre Henrique Neto, seu auxiliar, nos anos chamados de chumbo-l964-l985.
Harrison Oliveira atuante jornalista, fundador do Jornal O Amigo do Povo,escritor conciso e abrangente doa ao Nordeste e ao Brasil, nestes 500 anos, esta obra autentica, de análise pertinentes acerca de D. Helder e o seu contexto político, social e religioso.
Gostaria de encerrar este sucinto comentário com uma assertiva do escritor,destaca do em seu importante livro;- O estado de pureza do Cristianismo, da fé cristã seria maculado, corrompido por esse conúbio com o Estado, com o poder. Afinal existe alguma coisa no mundo que o regime capitalista tenha deixado de corromper?
