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cronicas-->SOBRE MORANGOS E JERRY ADRIANI -- 11/10/2002 - 20:55 (Alvaro Neon de Sá) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As vezes quando a manhã acorda empanturrada em nostalgia e silencio, e um aroma de morangos fora do prazo empesteia as paredes rachadas e cobertas de visco do velho moinho, eu levanto-me, sedimento meu cabelo com uma gordurosa de brilhantina, visto um robe vermelho com uma dália na lapela, rego-me com Old Spice, e debruço-me sozinho à janela, a saborear o aroma achocolatado do Mayflower em meu cachimbo, e a divagar sobre o amor e a beleza... De onde vêm? Para onde vão? Para que servem?
Observo o infinito e o voo indiferente dos pombos, que lá do alto despejam suas opiniões sobre a humanidade, aceno ao longe para os duendes marinhos, enquanto ouço Jerry Adriani no volume máximo, e a canção ecoa de fora para dentro de mim...

"Em todas as árvores do mundo, eu vou gravar , um coração, com teu nome e o meu..."

Ahhh... Já não se fazem canções como estas, e os canivetes perderam todo o romantismo...

Há quem me considere machista, outros há que pensam exactamente o contrário, eu contudo, como nunca pensei em manada, limito-me a aceitar uma única e cruel verdade. Desde o tempo das cavernas, que nós homens, ao fim do dia, reuniamo-nos na gruta, a gabar as façanhas de nossas caçadas... Hoje, somos mais modernos, outras mentalidades, e já não há grutas suficientes... Por isso, reunimo-nos no botequim ao fim do dia, e gabamo-nos de nossas caçadas.

(Ahhh... Ainda lembro-me da última noite, a chuva intensa, eu a partir abotoando as lágrimas dentro da gabardine e ela bêbada no alpendre, com uma dália estilhaçada entre os dedos, sozinha com o lamento inútil de Jane e Herondi...)
-NÃO SE VÁÁÁÁÁÁA´.....

Sim, mas o que supostamente isto tem a ver com o amor e a beleza? Aparentemente nada. Mas é que por vezes as mulheres queixam-se de não lhes dispensarmos a atenção suficiente. E isso é injusto, injusto como ouvir uma canção de amor e não ter em quem pensar, triste como ter de tomar nossa dose de alegria diária em pílulas, cruel como o último cigarro que trazíamos no maço, e distraidamente acendemos ao contrário, sentimo-nos abandonados e com um gosto amargo na boca.
Compreendo que a beleza é interior, é tudo o que pode ser visto e admirado, ainda que oculto, um esófago sensual, uma traquéia entorpecida, o êxtase dos intestinos em fúria...
Por isso mulheres, vos digo, não custava nada de vez em quando, capricharem mais na indumentária, se quiserem que nós homens, voltemos, se quiserem principalmente que fiquemos, e se não quiserem que passemos a embebedarmo-nos nas tabernas onde se discute futebol em voz alta, ao mesmo tempo que se observa o estágio de crescimento da filha do taberneiro, e nem que gastemos nosso minguado salário em cabines de peep-show ou com mulheres de vida fácil...
Pequenos toques, suaves nuances, podem provocar a mudança... Uma flor de plástico no cabelo... Um par de brincos em forma de fruto, duas gotas de água de colónia quase imperceptíveis por detrás do lóbulos das orelhas... São essas pequeninas coisas que seduzem e embebedam a alma do poeta, nada de muito bizarro... Um pullover cor de rosa, Um calçãozinho de lycra... Uma togazinha da Ku Klux Klan... Uma burka transparente...
Não sei, passo o dia a trabalhar arduamente, e como qualquer homem, também gostaria de poder chegar em casa ao menos uma vez, e ser atirado de encontro ao chão por uma estranha vestida de enfermeira nazista, a bater-me com urtigas nas nádegas e a insultar-me indecências em alemão...
Acho que não é pedir muito!!!
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