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cronicas-->A Interrogação -- 14/10/2002 - 03:31 (alan, o Miranda) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A interrogação.

Há alguns anos,
às vezes,
eu sentia como se tivesse viajado no tempo.
Tipo assim,
um homem estranho à sua época
ou coisa parecida.
Nesses momentos de diferenciação em relação ao outro,
ao mundo,
eu julgava até que devia ser
a reencarnação de algum grande pensador.
Na fase adolescente,
eu oscilava entre Jesus Cristo e Buda,
mas a biografia de ambos
não é nada parecida com a minha.
Nunca consegui amar o próximo como a mim mesmo
na maioria das ocasiões,
e só tentei fazer jejum três vezes na vida,
mas não consegui.
Veio então a fase machadiana,
onde achava que somente eu
poderia ter escrito Brás Cubas.
Quando entrei na fase Carlos Drumond de Andrade
foi um choque,
pois quando me peguei pensando nisso
ele ainda estava vivo...
Mas agora,
na fase cética,
depois de Nietsch,
Freud, Yung e Ratinho,
onde o conceito de divino,
reencarnação,
Deus,
o diabo,
ficaram mais que humanos para mim,
onde percebo que sou isso tudo ao mesmo tempo,
muito mais do que um simples rótulo de pensador,
onde não se pode definir nada
levando em conta apenas
o modo de pensar de sua sociedade,
a coisa se torna mais complexa,
e por tanto mais difícil de ser entendida.
Ou de me entender.
O que quero dizer com isso tudo,
é que quando eu me achava
um cara antigo reencarnado
ou o filho bastardo de algum rei,
ou até um iluminado,
era muito mais fácil saber
qual seria o meu objetivo na vida,
por que traçava paralelos
com quem eu me identificava
e sabia o que fazer.
Mas e agora...?
E agora que eu percebo
mais do que nunca
que eu sou eu?
Mas quem sou eu, diabos?
Vixe...
o negócio é brabo: ... que faço aqui?
Alguém pode me dizer
sem respostas prontas,
baseado na sua própria experiência de vida
o que fazemos aqui?
E quando digo respostas prontas,
Para quem não entende é:
O que nós sentimos que fazemos aqui?
Não o que a gente leu
ou nos disseram e dizem a vida toda.
Veja bem,
que a diferença é muito grande.
Já que nossa certeza é a morte
(logo o quê é a nossa maior certeza:
Uma gigantesca interrogação!),
O que fazemos aqui?
Tem mais loucura:
Vivemos meros 60, 70 anos em média,
encontramos um amor (alguns),
com qual vivemos,
na melhor das hipóteses
20, 30 anos,
mas dizemos sempre que será para sempre,
e acreditamos nisso,
por que todos dizem isso,
e até eu acredito também,
temos càncer,
doenças outras,
cachorros,
dor de corno,
netos,
casa própria
(que tem a mesma duração do amor para sempre),
e depois...
pimba!
Aparece a tal dá única certeza na nossa vida,
que paradoxalmente é a morte,
que ainda por cima é uma interrogação.
É...
Pensando assim, dessa forma...
Viver tem que ser legal.
Tem que ser gostoso.
Viver é muita coisa.
Por que
se você for parar mesmo pra ver a coisa
Você acaba percebendo,
que não entende nada...
Fazer o quê, né?

Alan, o Miranda.

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O autor: Alan Miranda tem 27 anos, é ator e professor teatral, atualmente integra a Companhia Baiana de Patifaria e é estudante de Artes Cênicas na Universidade Federal da Bahia.

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