Deixe os dias passarem, sem contá-los. Quem mede os dias é o tempo e o deuses aposentados.Mas quem julga dos deuses?
Se andarmos contra o tempo, estamos paralisando suas góticas e pirilampas aventuras.
Nunca é demias, por pedir. O que eu quero do tempo é apenas seu aroma, suas flores em fio, pendente de arvoredos.
E, ao lado, junto ao sol, um cesta de frutos que, pouco a pouco, vão caindo no vime.
Agora consegui ter o tempo nas minhas mãos. Não quero dizer que ele ainda me domina, mas muito deixei dele.
Agora, senhor de si e de minhas argolas douradas, passeio por entre corpos alheios e vago por entre seus espíritos.
Se sou eu, ainda não sou por completo. Jubjugo as horas e seus ponteiros. Sou mago da floresta, reis dos pássaros.
Só não sou dono do corpo dela.E tanto sinto por isso. O corpo dela pertence a outro. Cavaleiro de pódio, coríntio dos corações, alma vesga que me tirou a saia rodada de azul que afligia meu corpo de calor e mesuras de amor.
E assim, se consigo dominar o tempo frugo arredado na derrota de perdê-la para o melhor dos meus amigos: o homem da primeira fila que a endesou com beijogo s e afagos e levou a única coisa que não tinha: o corpo dela, as coisas dela, o vestido dela e o tempo onde debruçava.
Tempo do tempo: se rezas na minha mulher, choro eu do outro lado da perca.
E me aconselham: não é tempo de idas;seu tempo é apenas de esperas e chegadas !
E, nesta vaga história, ninguém me contou ainda: quem manda nos deuses?