Não vejo a manhã diante dos meus olhos. O sol está em fuga e, estranhamente, não há nuvens no céu.
Há algo cinzento neste arrebol(talvez seja o meu pordentro). Cores pardacentas formam um pastel desgracioso e entediante.
Onde estão as rimas ricas? Onde está a alegria da alvorada? Onde está a energia que brota da hora exata em que a noite se veste das luzes da madrugada para, na garganta dos galos anunciar um novo dia?
Estou em estado letárgico. O sentimento congelado nas veias, o coração em batidas compassadas e num ritmo inteiramente desinteressado das promessas radiantes da vida.
Mas, nem de longe me passam pela mente os pensamentos gélidos da morte. Porém, uma sonolência plenipotenciária empurra-me para uma dormência prolongada, como seu eu fosse uma semente à espera do clima propício para despertar, eclodir, vicejar, germinar...
E sigo neste lusco-fusco interminável...Um comboio a passar pelo túnel da decepção e da quase mágoa...dispara o comboio no rumo de uma luz que ainda não existe, de uma saída que apenas se presume...mas, na velocidade máxima da viagem o amanhã promete muitas surpresas.