Indisfarçavelmente, na multidão, pude ver e descobrir aquilo que os meus olhos já sabiam e o meu ser experimentava já de muito tempo.
Era diferente. Era incomparável. Era único.
Bastava a sombra, como está dito na Bíblia. A simples passagem do vulto, misturada com a fé , era capaz de produzir maravilhas, operar milagres.
E eu tinha a fé. Ela palpitava dentro de mim, infensa à s agruras do cotidiano, desafiando as decepções, as perseguições, as angústias.
Tudo funcionava como um estreito corredor, longo, escuro, aterrador...quase um túnel, mas em forma de labirinto. Para onde tudo aquilo estaria me levando?
Qual seria o desenlace de tal imbroglio?
Mas, de repente, na multidão, o vulto mais que amigo, o sorriso sincero, os braços num gesto de amplo convite ao aconchego, aquela paz que inundava tudo e acalmava de modo inigualável.
Era Jesus na multidão! Era o nazareno caminhando entre os homens, no meio da vida, nas dobras do mundo, em todo lugar.
E eu, sem vacilar, caminhei na sua direção, como fazem os girassóis na direção do astro-rei.
Tristezas? Já nem sei o que significam!