É um dia especial no bairro.Os moradores nas ruas, fazendo, comprando coisas. Também fui passear, a pé, como manda o figurino, os cardiologistas e endocrinologistas. Para os homens passeios cárdio e para elas de reposição, a mania da hora. Saí em direção à feira-livre, para não comer pastel com caldo de cana. Teoricamente para comprar umas frutas e outras verduras, e se fosse casado algumas sojas naturais para amenizar os calores da vida parceira. Vou chegando na feira e...sabem o que?
O pastel subiu. Caras de pau esses japoneses, a troco de quê? Agora é R$ 1,50 na cara dura, só nas feiras daqui e dos jardins, claro. Garanto que pelaí não chega a um real. Passo reto pela minha banca de pastel, as japonesinhas me cumprimentam com cara de não temos culpa. Tomara que fiquem grávidas. Vou em direção aos verdes, pensando mal de todos. Se o pastel subiu, imagine o resto, até a TV já mostrou. Não vou é comprar nada, viro no pé, e ao chegar de volta ao pastel, que é ao lado do caldo de cana, mais uma: também subiu.
Bem, pensei, não é por isso que vou ficar matraqueando com esse pessoal que convivo há tanto tempo. O garapeiro me cumprimenta, fala do motor novo da sua Kombi, custou um conto à base de troca. Vida dura desse pessoal, moram longe, trabalham cada dia num lugar, carregando e descarregando aquela tralha toda. Mais um papinho, sem comentários sobre reajustes e política, e vou embora esquecido da carestia.