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cronicas-->TERRA GARRIDA -- 06/12/2002 - 19:38 (Ucho Haddad) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Que Luiz Inácio Lula da Silva abraçou o maior problema de sua vida, não pairam dúvidas. O que o presidente eleito não poderia imaginar é que seu primeiro grande desafio germinaria no MST. Calados desde o início da campanha presidencial, os líderes do Movimento aproveitaram o tempo para desenvolver uma forma transgênica de contestação.

Há trinta dias de plantar o pé no Palácio do Planalto, Lula percebe que a semente do MST pode se transformar em erva daninha estragando aquilo que semeou durante tantos anos. Companheiro de árduas semeaduras, Lula terá que reaprender o convívio com o radicalismo capitaneado por João Pedro Stédile. Do contrário, terá seu projeto ceifado pela eloquência comunista do Movimento.

Longe da mídia nos últimos seis meses, o MST, na ganància de ressurgir do empoeirado silêncio, pode acabar atrapalhando a expectativa depositada em Luiz Inácio Lula da Silva e, ao mesmo tempo, arrisca transformar-se no vilão de uma fracassada esperança.

Usando de uma intempestiva intransigência, os líderes do MST deram um prazo de cinco meses ao presidente eleito para que promova o assentamento de oitenta e cinco mil famílias acampadas em todo o País, além de incluí-las no programa Fome Zero. No rastro da incoerência da imposição, o movimento exige outras benesses que distam milhares de hectares da realidade do povo brasileiro.

O que os integrantes do MST têm melhor que outros milhões de brasileiros para reivindicarem qualquer tipo de prioridade?
Nada. Absolutamente nada!

Todo revolucionário acaba se tornando um opressor.
Albert Camus

Na verdade gozam de algumas prerrogativas de interpretação, às quais outros cidadãos não têm acesso, e muito menos direito. Ora, se um grupo de sem-terras saqueia um caminhão no meio de uma estrada é por uma causa social, passando ao largo do que dispõe a legislação. No contraponto, se um desempregado furta um pacote de pão no supermercado para matar a fome da família é preso com direito a tudo o que o Código Penal impõe.

Mas a sociabilidade das causas não é a mesma? Por que será, então, que entoamos o penhor dessa igualdade?

Muito antes de lutar por um pedaço de terra - merecido se o fim for exatamente igual ao que se propaga - o brasileiro, seja ele com ou sem terra, precisa reaprender a cultivar algo há muito esquecido. O patriotismo.

É preciso dizer o verde-louro desta flàmula!

O momento requer união e não discórdia. O Brasil precisa que demos as mãos uns aos outros na tentativa de recuperarmos a dignidade do povo com clava forte.

Ficar deitado eternamente em berço esplêndido, achando que, pelo fato de ser gigante pela própria natureza, o Brasil suportará cisões por conta de radicalismos exacerbados é utopia. O que o MST está impingido ao presidente eleito é de um sectarismo ímpar. A proposta é clara na sua intenção de deixar na continuidade da miséria milhões de excluídos vitimados pela pior das ditaduras. A financeira.

Inexplicavelmente, os líderes do MST se dispuseram a dialogar por oito anos com Fernando Henrique Cardoso, um adepto convicto do feudalismo medieval que aplacou a ira dos invasores com promessas e falácias. Tudo no melhor estilo pão e circo. Já com Lula, um verdadeiro candidato a Martinho Lutero das causas sociais, decidiu partir com pás e enxadas.

Se no passado o presidente eleito cometeu algum pecado - e todos nós somos passíveis de tais cometimentos - este é o momento para a redenção mostrando a que veio. Do contrário, terá perdido a oportunidade de ter permanecido gloriosamente nos campos da oposição amadurecida.

A socialização da terra, desde que pacífica e dentro da lei, é muito mais do que um direito. É um dever do Estado, principalmente por acreditar que a agricultura pode ser a maior de todas as suas cornucópias. Ao mesmo tempo, não se pode abandonar o direito à propriedade, garantido explicitamente na nossa Carta Magna.

O que Luiz Inácio Lula da Silva propós, até então, foi a busca do equilíbrio social através do diálogo, numa clara demonstração de responsabilidade e nunca com revoluções tupiniquins plagiando alguns barbudos revolucionários que tomaram de assalto a terra dos czares, obrigando, de igual maneira, milhões de pessoas a colherem miséria.

O perigo ronda a estabilidade democrática do país a partir do momento em que o MST dá como certa a descriminalização da invasão de terras. Caso Luiz Inácio Lula da Silva conceda esse privilégio ao Movimento, estará passando um rastelo nos brotos do seu idealismo renovado.

Temos o dever de transformar esta terra adorada, ou jamais seremos iluminados ao sol do novo mundo. Se a mudança tiver que começar pela terra, que seja agora. Mas sempre de forma responsável e igualitária.

O solo jamais poderá ser um punhal para suprimir os anseios de vida de um povo. O solo deve ser, sim, o campo da esperança e da renovação da vida.

Afinal, somos todos filhos desta mãe gentil.

Pátria amada, Brasil!
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