Desço do trem e vou passear no meu bairro paulistano, o Itaim-bibi. Hora do almoço, as moças estão mais bonitas, porque os moços estão de olho nelas. Na porta da escola a mamãe está que não se aguenta, ao mostrar as duas filhas para o amigo de muito tempo. O dono da loja está todo orgulhoso da nova fachada. A moça branca passa cheia de si com o namorado preto que ela não pára de mostrar. Ficam todos pensando que sabem muito bem do que ela gosta. Depois eu paro no balcão de café e pipoca do cinema e está todo mundo contente com a reforma que foi feita, e mais ainda com o Almodóvar que está passando. No bar ao lado, na saída da sessão, a velhinha vem me dizer que não resiste a um convite do marido para um chopinho, e vai lá dar um beijo na cabeça dele.
Voltei para o trem fazendo pouco de pensar em segurança, esperança, emprego, exclusão e o escumbau.