Sei que a nossa caminhada tem um destino e uma direção, por isso devemos medir nossos passos, prestar atenção no que fazemos e no que fazem os que por nós também passam ou pelos quais passamos...
Que não nos iludamos com o ànimo e o vigor dos primeiros trechos, porque chegará o dia em que os pés não terão tanta força e se ferirão no caminho e se cansarão mais cedo...
Todavia, quando o cansaço houver, que não nos desesperemos e acreditemos que ainda teremos forças para continuar, principalmente quando houver quem nos auxilie... É oportuno que, em nossos sorrisos, nos lembremos de que existem os que choram, que, assim, nossos risos não ofendam a mágoa dos que sofrem; por outro lado, quando chegar a nossa vez de chorar, que não nos deixemos dominar pela desesperança, mas que nós entendamos o sentido do sofrimento, que nos nivela, que nos iguala, que torna todos os homens iguais...
Quando tivermos tudo, farnel e coragem, água no cantil, e ànimo no coração, bota nos pés e chapéu na cabeça, e, assim, não temer o vento e o frio, a chuva e o tempo.
Que nós não nos consideremos melhor do que aqueles que ficarão atrás, porque pode vir o dia em que nada teremos mais para nossa jornada e aqueles que ultrapassamos na caminhada, nos alcançarão e também poderão fazer como nós fizemos e nada de fato fazer por nós, que ficaremos no caminho sem concluí-lo...
Quando o dia brilhar, que tenhamos vontade de ver a noite em que a caminhada será mais fácil e mais amena; quando for noite, porém, e a escuridão tornar mais difícil a chegada, que saibamos esperar o dia como aurora, o calor como bênção...
Que nós percebamos que a caminhada sozinho pode ser mais rápida, mas muito mais vazia... Quando tivermos sede, que encontremos a fonte no caminho, quando nos perdermos, que achemos a indicação, a seta, a direção...
Não sigamos os que desviam, mas que ninguém se desvie seguindo os nossos passos... Que a pressa em chegar não nos afaste da alegria de ver as flores simples que estão a beira da estrada, que não perturbemos a caminhada de ninguém, que entendamos que seguir faz bem, mas que à s vezes, é preciso ter-se a bravura de voltar atrás e recomeçar e tomar outra direção...
Não caminhemos sem rumo para que não nos percamos nas encruzilhadas. Caminhemos até onde devemos ir, e se nós cairmos, que fique a lembrança da queda para impedir que outros caiam no mesmo abismo...
Chegue, sim, mas, ainda mais importante, que façamos chegar quem nos perguntar, quem nos pedir conselho, e acima de tudo, nos seguir, confiando em nós!