Homicida em Potencial
Adriana Oliveira (nov/02 - jan/03)
Quem nunca, sequer por um lampejo,
ou mesmo por desespero,
tenha desejado matar alguém.
Alguém que por desrespeito,
tenha humilhado, ultrajado,
massacrado, seus desejos de realizar um sonho, um ideal.
Tal desgraçado,
não merece nem seu nome mencionado,
quanto mais um verso rimado,
relatando o fato malfadado.
Não se trata de enaltecer um assassino em potencial,
de aderir a lei de talião, de caminhar na contra-mão,
ou infringir nossa constituição, concordando com tal infração.
Trata-se, no mais, de um ato de indignação, por sofrer tal coação
e não poder ao menos revidar metendo-lhe a mão,
metendo a mão nesse agressor que ileso,
sem qualquer desassossego, perpetua seus ultrajes e menosprezos,
a outros tantos irmãos.
Também não podemos dizer que se trata de um assassino nato,
com um grande potencial de praticar um homicídio premeditado,
Não, não...
Este é apenas um relato de um homicida em potencial,
que por pensamento trucidou ou tenha tentado,
aquele que infernizou seus dias,
roubou-lhe pela agonia, a paz em que se encontrava um dia.
Assim, em qualquer lugar,
em casa, bairro, faculdade, trànsito ou trabalho,
quem nunca pensou em livrar-se, matar ou
fazer sumir, aquele que,
mesmo que por uma única vez,
tenha alimentado esse ódio mortal,
fazendo surgir em um indivíduo pacato, normal...
um homicida em potencial.
Ao presente relato, por tratar-se de crime tentado,
influenciado por fatores endógenos e exógenos,
cabe perdão judicial, por ter o homicida em potencial
praticado em pensamento um ilícito penal, em nome da paz social.