Ontem eu quase chorei pela paz
Athos Ronaldo Miralha da Cunha
O mundo, apreensivo, está Ã s vésperas de mais um confronto bélico. Acompanha a iminente guerra dos EEUU contra o Iraque. Ou melhor, o bombardeio norte-americano no Iraque.
Mas há uma ponta de esperança contra esse bombardeio. Pipocam pelo mundo apelos de paz. A palavra paz está contida em todas as manifestações pelos quatro cantos do planeta. A opinião pública mundial deseja a paz. A paz é indispensável. A paz é fundamental. A paz é necessária. A paz é nosso anseio.
Quando vemos alguém dizer que é necessário depor Saddam Hussein por ser ditador e por uso de armas químicas e por isso justificam a guerra, fico estarrecido e pergunto: Qual o preço de uma vida? Qual o valor de uma deposição e qual o custo de uma guerra? Quantos serão vitimados em Bagdá?
Independente de cores partidárias, mas sim pelo sentimento de solidariedade, no Brasil estamos mobilizados no programa de combate à fome. O programa Fome Zero. Muitos são os brasileiros excluídos das refeições diárias. Então, percebemos que milhões de pessoas famintas seriam alimentadas no mundo com os gastos dessa guerra. Quantas crianças deixariam de ser subnutridas nos confins da África?
A guerra é insana. Qualquer guerra é insana, porque ceifa vidas. Quantos morrerão em Bagdá?
O que pensam esses senhores da guerra? Eles mandariam um filho para frente de combate?
Uma guerra destrói vidas, pais perdem filhos, crianças tornam-se órfãos. A tristeza toma conta dos lares dos entes queridos. Ainda hoje famílias choram os filhos perdidos no Vietnã.
Por princípio humanista devemos ser contra toda e qualquer guerra. Contra toda e qualquer ditadura. Contra toda e qualquer forma de tortura. Enfim, contra toda e qualquer afronta aos Direitos Humanos.
A maior estultice que podemos dizer é que uma guerra é imprescindível. Seja qual for o motivo, nenhuma guerra é imprescindível, nenhuma guerra é justificável. Imprescindível é a vida. Justificável é a paz.
Ontem meu piá pediu um pedaço de pano branco para amarrá-lo em sua bicicleta. Perguntei o porquê do pano branco.
- Pai, nós vamos fazer um volta na rua pedindo a paz no mundo. - Respondeu-me.
Fiquei comovido e quase chorei de emoção. Pouco mais de uma dezena de crianças, com idades variando entre 7 a 11 anos, estavam incluídas nesse contexto mundial. Nesse mundo globalizado uma guerra comove corações infantis. Crianças que deveriam estar preocupadas com os carrinhos de lomba, jogos de futebol e piqueniques, estão com suas atenções voltadas à guerra. Por alguns momentos numa rua de Santa Maria houve um apelo à paz. Comovente, não?
E pensar que há adultos que acham a guerra imprescindível... Em Bagdá há crianças que brincam, andam de bicicleta e até usam camisetas do Rivaldo e fazem embaixadas com uma bola imaginária. Essas crianças serão bombardeadas?
Ontem eu quase chorei pela paz.