Naquela época, havia próximo ao armazém Azul, uma cancela junto à estação ferroviária, que talvez tenha sido a mais importante não apenas pelo fluxo de gente mas por unir os dois lados da cidade. De um da lado ficava a Plínio Casado, e do outro a Duque de Caxias no trecho que desembocava a rua Chaco. Foram muitas as mortes ali ocorridas devido à quantidade de gente que atravessava a tal cancela, aliada à precariedade da mesma. Havia um mendigo que sentava praça na cancela pelo lado da loja de ferragens Nogueira e do armazém Azul, na Plínio. Era um senhor que sentava-se num banquinho de madeira; tinha uma perna de pau, um chapéu de feltro e usava uma pequena tijela do tipo das que se usava para espumar barba, onde aparava os níques que as pessoas caridosas lhe davam.
Durante muitos anos eu o via por ali a esmolar seus trocados. Tempos depois soube que ele era proprietário de vilas de casas em Caxias. Nunca apurei a verdade mas fiquei muito chateado, pois como aluno da Escola Regional de Meriti, o famoso mate com angu passava por ali todos os dias e, certamente, ele ficou com algumas de minhas moedas.
Hoje em dia, as barraquinhas de cachorro-quente vendem o popular x-tudo um sanduíche com todos os codimentos que alguns chamam de mendigão, como denotativo de coisa de pobre. Mal sabem que o verdadeiro Mendigão tinha perna de pau e não era pobre.