Eu não faço a menor idéia do porquê a garotada o chamava por Sanfoninha Carioca. Aliás, chamava é força de expressão. Era só zoação em cima do pobre coitado. Ele, vez por outra, aparecia na Rua General Càmara que era onde os principais cabeças, como o Pé-de-Pato, o Aninha, o Serginho, o Paulinho, entre outros, que lá moravam.
Sanfonina era um tipo miúdo que andava maltrapilho pelas ruas. Ele aparecia sempre com um terno estropiado e as calças amarradas com barbante. Tinha um chapéu que nem nas corridas atrás da garotada que dele mangava, caía. Andava com as coisas que encontrava ou das que mais se afeiçoava penduradas pela sua clássica indumentária.
Estava quase sempre descalço, o que não impedia que fosse ligeiro e muito arisco. Hoje, as lembranças dele me fazem acreditar que brincava muito mais que a garotada, pois sendo muito mais rápido só não pegava se não quisesse. E ele não querendo que acabasse logo a brincadeira, não pegava, só saía em desabalada carreira, enquanto os garotos gritavam: Sanfoninha Carioca, vem me pegar!