No sistema de som ambiente, tangentes, acordes da protofonia de o Guarani...Enquanto dedilho o teclado do computador, notícias dispersas: a guerra do Iraque, o retorno de Roriz ao Buriti, os preparativos da seleção brasileira para o amistoso de Lisboa, o próximo Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 em Interlagos... Gira a roda da vida...correm os minutos...decolam os anos... e a gente vai vivendo como Deus permite.
Tenho ao meu redor, centenas de processos esperando as minhas decisões, as propostas de voto, o exame dos pressupostos de admissibilidade que são bem delienados e restritos nos casos de recursos de revista.
Mas, não estou para falar de coisas técnicas. Preocupa-se, agora, o exame perfunctório das acontecências militares e belicosos do Oriente Médio, o mesmo antagonismo bomba x ajuda humanitária, que causa espanto aos analistas mais frios.
A vida cotidiana, na verdade, é um mosaico, um caleidoscópio de multifacetados desenhos coloridos onde a humanidade exibe os seus contrastes e as suas espantosas diferenças.
A propósito da guerra e da sua banalidade quando vista através da TV, um colega comentava ontem: "eu estava em minha cidade, comendo churrasco, bebericando com o meu irmão que aniversariava e, naquela paz doce da comemoração, entre estonteados e aflitos, víamos pela CNN os horrores da guerra. Na hora, era como se aquilo fizesse parte de outro mundo que não o nosso, mas, ao sair dali, na solidão do meu quarto, percebi que as visões tinham penetrado fundo no meu íntimo, roubando-me a serenidade, trazendo-me um grande enfado de ser humano".
E eu fiquei cismando longamente sobre aquelas reflexões...de repente, tomei ciência da noite que se instalara sobre Brasília... e eu nem tive tempo de ver o por-de-sol.