Ainda amanheço esperando-o, reluto em acostumar-me com uma quimera distante, uma imagem intocável à s mãos que uma vez o sentiram no dedilhar do desejo que o habitava. Descobri-me em sonhos através dos lábios que singraram em meu corpo poemas, arrepiando-me a cada estrofe que falava em incógnitas de nós dois. Acredito que das nossas bocas não se tenha entoado uma melodia de adeus, e que ele ainda repousa suas lembranças em meu ventre, acariciando cada pequeno encontro que o destino nos proporcionou, materializando a ànsia de levar-me mais uma vez ao leito onde me adormeceram seus beijos. Mas talvez eu esteja caminhando sozinha nesta espera, vivendo de reticências dispersas em minhas esperanças, trilhando réstias de silêncios deixados, insistindo em ouvir a voz de uma ilusão qualquer que se antecipa a uma janela de utopias. Resta dizer que não me apoiei apenas em uma emoção física, e que o sentimento que hoje inunda meu corpo está relacionado a tudo que ele significou e significa para mim. Seus olhos ainda sorriem aos nossos abraços, e murmuram nas entrelinhas de um prazer que só nós dois conhecemos, como quando minha nudez se vestiu ao seu olhar. Todavia, penso ser uma espécie de saudade que já se despiu de sonhos, de vontades e da possibilidade de encontros, alimentando-me de alguns momentos mágicos, vivendo apenas do sentimento que ele me faz sentir. Sou assim, uma saudade vívida que ainda se sustenta da sombra de alguns instantes e que chora suas angústias. Mas pode ser que daqui a algum tempo, quando a lua se perfumar de estrelas, ou o sol trouxer consigo mais um dia, nossos destinos se cruzem e, quando perguntares de mim com teus beijos, poderei responder nua de todos aqueles sentimentos, que sou tua saudade, e só.