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Infanto_Juvenil-->AS AVENTURAS DE EFIGÊNIA -- 17/12/1999 - 22:00 (Maria Dalva Junqueira Guimarães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Contos Infantis

Coleção Pintando o 7
Volume 4
CAPA E ILUSTRAÇÕES DE:

AUTORA: madellon

1995

DEDICATÓRIA
: Este livrinho de conto foi escrito para os leitores mirins
Pela ousada valentia
frente aos desafios
e espírito de aventura
que os impulso para
deleitem com
“As venturas de Efigênia”
e para que desvendem os mistérios
do bosque encantado a Infância











PRÓLOGO

Em “As Aventuras de Efigênia” as personagens surgem como se vagassem num aquário, inexplicáveis... para os lados do absurdo ,do fantástico devaneio juvenil.

Pássaros sem cabeça, coelhos com asas, peixes de juba. vacas saltando de galho em galho, passarinhos pastando. Tudo se torna possível embrenhando-se nos labirintos oníricos; prenunciando o realismo mágico, o fantástico e maravilhoso sonho mítico, envolvendo a imaginação e a fantasia.








AS AVENTURAS DE EFIGÊNIA

Certa vez...
Começava a ensaiar serenata os grilos insistentes. Tinha o sol acabado de dormir atrás dos morros do Bosque Encantado. Um rio manso e sonolento descortinava, caminhando sobre pedrinhas cortando barrancos.
No céu cor de laranja madura já brilhava aquela estrelona faiscando à distância.
Quando de repente...

Efigênia ,uma perereca jovem e sapeca que vivia na lagoa às margens do rio, sentiu fome.
Sua barriga roncava reclamando petisco fresco e saboroso.
O que vou encontrar para o meu jantar? Pensou
Efigênia .A cada minuto que passava mais faminta ficava.
Foi então que lembrou...
Havia umas reservas no fundo da lagoa. Grilos, mosquitos...
Havia também umas formigas magricelas no formigueiro multicor ao pé do jacarandá... e um outro ali ao lado do pé do jatobá..
Efigênia pensou também naqueles peixinhos de juba vermelha boiando na água verde, azul-mar brincando de esconde-esconde no parque de diversão do rio...
E então escutou a água apressada do rio, ali perto donde ela morava, correndo entre as pernas das plantas.
Efigênia matutava:
Tinha ainda umas cigarras morenas e distraídas agarradas nos braços da velha paineira, como árvore de algodão-doce.
Chegou a sentir água na boca só de pensar...
E vinha vindo a grande formiga da mata e outros formigões e outros mais, rastejando pelo trilheiro, como cargueiros noturnos carregando mantimentos para a sua despensa, para quando o inverno chegasse.
A Perereca Efiênia olhou as borboletas assanhando as asas, de corolas multicoloridas, como se fossem flores soltas na brisa...
Uma zoologia à sua volta:
Piolho-de-cobra, centopéias... e um louva-a-deus verde-musgo, como se vagassem num aquário..
E tinha também o rico cascudo que morava numa concha, a sua casa, uma concha prateada a poucas esquinas do vale remanso do rio...
Aí então ela, a Efigênia, viu uns coelhos com asas, as orelhas tão grandes!...
E aqueles pardais solitários... barulhentos, buliçosos pousando os galhos da aroeira junto dos jequetibás...
Pensou... pensou...
- Não... está fora de meu alcance. Sou pequena e frágil demais...
Quem sabe o altivo par de bem-te-vis, na sua faina passarinheira?... Também não... Não!... muito grandes demais!... Se pelo menos fossem pássaros sem cabeça...
É... terei de caçar algum inseto inofensivo e pequeno. Sob pena de decapitar algum pássaro e, pássaro sem cabeça não vou mesmo encontrar....
Tenho de encontrar algo para comer e já!... Acho que vou caçar... não, vou é pescar no córrego que à noitinha fica coalhado de pernilongos buzinantes...
Ou... quem sabe...? terei mesmo de contentar-me com os mosquitos viventes da beira rio, se quiser comer.
Ah, ia me esquecendo daqueles lagartos em conserva, que guardei na cozinha....aqueles que foram mortos hoje de tarde pelo estilingue dos meninos endiabrados, que brincavam por ali... Eles vêm caçar os bichinhos de dia.
Preguiçosa, Efigênia, essa Perereca vadia, preferiu se fartar com os lagartos em conserva. Ainda estavam bem fresquinhos...
Aí então ela foi abrindo uma lata... junto encontrou uma sardinha na conserva.
Despejou tudo num pratinho - uma casca de coco - e
devorou tudo em duas garfadas...
Depois Efigênia foi sonhar. Puxou uma cadeira de balanço para a porta de sua toca, um buraco no pé de Jacarandá, e ficou namorando o Céu.
Efigênia era jovem, bonita e passava as noites com galantes vagalumes que hora ou outra enviavam galanteio para a mocinha faceira, com seus olhos de cristal iluminados de amor.
Efigênia absorta espiava os peixinhos marotos, brincando no parquinho de diversão do rio...
Deleitava com o som de um berimbau e tambores, soando ao longe...
Estava a saparia no batuque num brejal ali por perto.
E ela então pensou num Perereco muito bonitão....
Sentou-se de frente para a Lua. A imaginação dispara, em fugas de asas, lá para os lados da fantasia...
Perdida em recordações, inebriada em seu mundo
mágico, mundo-além...
Num repente, e não mais que de repente foi tomada de surpresa...o imprevisível...
Nem deu fé. Um bando de meninos moleques... vinham chegando... os encapetados filhos do homem, aquele que cuidava da casa grande, não muito longe dali...
Já era costume deles virem com alguma travessura diferente. Vinham pra beira do rio, brincar no córrego que desaguava na embocadura do rio, onde a Perereca Efigênia veio morar, desde pequena, quando nasceu.
Sua família...? Nem sabe mais direito. Anda por aí, pelas bandas de lá do córrego...
Ela, Efigênia, um certo dia ,deu um salto tão alto, que acabou atravessando pro lado de cá. Gostou. Ficou.
Gostava da beira-rio. Se não fosse de vez em quando aparecerem aqueles visitantes inconvenientes...os tais garotos peraltas, fazendo malabarismos com os moradores da beira da lagoa...
Uuuuum...Uuuuum...
- Na certa já vem eles.
Aqueles moleques do diabo! Preciso me esconder, senão me pegam, como daquela outra vez...não pode ser. Ah, não!!!...
Chegaram. Aos gritos, numa correria infernal. Com passos ondeantes de “serpente “- fantasma”, e...
Um grilo cricrilava comprido, ao longe, tudo se confundindo em sua cabeça. Os gritos dos moleques assanhados, o cricril dos grilos...grilos e meninos...tudo insuportável.
Agora já bem perto. Vão se aproximando’
Os olhos grandes de Efigênia se arregalaram assustados. Os olhos interesseiros dos meninos avançando curiosos.
Avistaram a Efigênia encolhida entre os arbustos assustada. E... Zaz!...foi uma festa:
- Uma pe-re-re-ca!...Uma pe-re-re-ca!...
É Zeca feliz pelo achado. Efigênia tremendo de susto. Não! Era medo, pânico, ali agachada no meio dos arbustos, uns ramos de sapexal e juazal.
E os dois meninos vão avançando, investindo na captura de sua presa.

E, zaz!...
GRANC!... Peguei a danada da Pe-re-re-ca...
- Desta vez não me escapa!...Peguei-a pela perna, sua danada!...
Grita o Zeca vitorioso.
Efigênia quase já sem fôlego. Tremia como vara verde ao crescer sombreando as ramagens dos espinhos silvestres.
- Me dá ela aqui Zeca!...hoje é a minha vez. Sou eu quem vai revirá-la do avesso!
Juca disputa a bichinha com o irmão.
UUUuuuu...UUUuuuu...
- Vamos
- Ora se me lembro!...
Naquela gritaria até a saparia parou de toca tambor.
- Zeca, me dá a Pe-re-re-ca!...
- Não, não dou Juca!...não dou... você vai matar a bichinha. Quero levá-la para a represa lá no fundo do quintal de nossa casa.
Efigênia tremia, tremia e gritava calada:
- Não!..não.. para a represa não!!!...gosto daqui, da cidade veraneio, da peixaria e do passarinhal da mata... da serenata dos grilos nas noites de lua cheia....
Me deixa, me larga moleque desalmado. Eu quero viver livre e feliz com meus amigos, os moradores do vale remanso, este álamo encantado de seres inocentes. Me deixa ficar e viver aqui!...junto da natureza e dos animais...
Mas a sua voz não saia, presa na sua garganta seca e encolhida de pavor. Já sentia falta de ar. O coração batia apressado...Iria morrer era asfixiada de susto e terror. Ali mesmo na mão do Zeca, o seu algoz, e com as pernas agarradas entre seus dedos firmes, presa, e de cabeça para baixo!...
Foi quando Zeca ia finalmente entregar a pobre vítima par o Juca, que aconteceu...
...Vuuupp!...
Força total no motor!!!...
Efigênia esperneou no ar... deu uma reviravolta, fez pirueta, e...
Escorregou entre os dedos do Juca, e...BUuum!!!...
PLOFT!...PLOFT!...
- Fugiu!...
- Juca!...eu num falei...você, heim?... tinha que querer me tomar essa zinha?!...
Efigênia saiu pulando com as pernas compridas, a todo vapor!... ainda tremendo, com as pernas meio bambas, saltando e embicando pelo trilheiro, pedindo a proteção das águas serenas e profundas do grande rio...
Efigênia, o corpo enlanguesceu e rolou para a sombra das pedras, longe do olhar dos filhos do homem.
Longe, o piar das cotovias que vieram escondidas espiar a aventura da pobre e valente Efigênia.
Ela se foi pela correnteza dos suspiros.
Lugar bom para uma Perereca assustada se esconder ou sonhar.
Escorrega para a janela do silencio. A lagoa, o charco torna-se o mundo encantado de Efigênia que assiste a todo momento os berros e histerias dos meninos peraltas. Ela agora vive e sonha com os olhos presos no céu e com o nariz nas estrelas...
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