Brasília, 24/9/2004
Estou em processo rescisório.
Como? Não entendeu?
Como eu disse: rescisório.
De romper, quebrar, desfazer, anular.
Estou rescindindo um contrato
(que diga-se de passagem, nunca fiz)
com o resto do mundo, um saco de gatos
que dita as regras pra gente ser infeliz.
Rescindo, agora e deliberadamente,
por vontade própria e com razão,
o contrato que valeu até o presente,
à minha revelia e por minha simples omissão.
Omissão de quem fala sem pensar,
de quem pensa sem falar,
das muitas concordâncias
que ocultavam revoltas,
das muitas dissonâncias
ocultas atrás das portas.
Tanto pois não’ educado,
tanto grito engaiolado,
tudo isso teve um preço.
Paguei a conta.
Estou fora.
Agora me viro do avesso
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