Usina de Letras
Usina de Letras
24 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62275 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10382)

Erótico (13574)

Frases (50664)

Humor (20039)

Infantil (5454)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140817)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6206)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Ela, a depressão -- 01/06/2003 - 08:26 (Juraci de Oliveira Chaves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ela, a depressão

Nada sei e muito sei a respeito da malvada depressão. Chega de fininho, apossa, toma conta e não que mais ir embora.
Convivo com ela, dezenas de anos e ainda me prega peças enganadoras. Não sei como ela é, onde reside e quando vai aumentar de intensidade. Traiçoeira como a cascavel.
Aquele que é acometido pela depressão, não quer saber de mais nada, se desliga do mundo. Uma prática usada pelo depressivo é o isolamento. É marcante a solidão. Os desejos de vitórias, de busca de objetivos, são esquecidos, abandonados.
A vida já não é importante, muitas vezes até ameaçada pela própria pessoa. As relações amorosas, romànticas, que tanto faz bem, são respeitadas, esquecidas.
O convívio social, cada vez mais difícil. A voz, a palavra, recua se escondendo.
As respostas às perguntas são dadas apenas com o dedo na vertical num sim ou não.
No lugar do riso o choro da vida, sempre em clima de tempestade. Nem o canto das aves o traz à realidade. O olhar vaga no infinito não importa com o pêndulo do relógio. Não precisa de horas, minutos, tempo algum. Nada a fazer, só tem à sua frente pensamentos vagos e oscilantes.
Depressão é doença de muitos. A que acometeu o vizinho do lado perece ser uma das piores, que mais sacrifica a pessoa.
A família tenta, inventa maneiras inéditas para amenizar as agruras de um ser humano.
A mãe num cata piolho delicado move os dedos sobre os cabelos encaracolados, num ritmo lento. Muitos suspiros longo, gemidos sem solução atenta a cada movimento do rapaz. Frequentemente caminha na sala, quilómetro e mais quilómetros indo para um lado e para outro. Mede várias vezes a sala de estar, o quarto e a varanda. Os gestos sófregos dificultam o caminho do sossego que o medicamento pode ocasionar.
As manhãs serenas se foram vieram as tumultuadas.
A mãe contempla o filho que agora perece dormir. Um quadro do time preferido enfeita a parede clara do quarto. Time que o fez dar alegria à torcida atleticana imensa no Mineirão. Momentos de glória ainda no juvenil.
Na outra cama o ronco se espalha como fumaça pelo ar em movimentos circulares. É o contraste. Um dorme o sono dos mortos o outro é consumido pela dor dos vivos.
A mão esquerda ainda tenta, com tapinhas ritmadas sobre o peito do filho, segurar a calma difícil conquistada.
Ajusta o cobertor e se levanta pé ante pé para de novo discar o número do próximo remédio. Apaga a luz e na escuridão sente o tic-tac do acelerado coração.
Suspira aliviada:
"Está vivo."

Juraci de Oliveira Chaves

Pirapora MG maio 2003

www.jurainverso.hpg.com.br
www.jurainverso.kit.net
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui