“Sem saber as letras onde mora”, como diz em um dos seus poemas, Patativa do Assaré traz em seus versos a força e a simplicidade do seu sertão natal.
Patativa do Assaré freqüentou a escola só por quatro meses. Mesmo assim, a força da sua poe-sia popular permitiu que em 1989 a Universidade Regional da Cariri lhe conferiu o título de Doutor Honoris Causa e atualmente é objeto de estudo da cadeira de Literatura Popular Universal da Uni-versidade de Sorbone, em Paris.
Antonio Gonçalves da Silva é o verdadeiro nome de Patativa do Assaré. Cearense de Serra do Santana, distrito de Assaré (CE), ele nasceu em 5 de março de 1909. Filho de Agricultores, ele pró-prio se considera um mesmo camponês de sempre, a despeito de sua fama de poeta. Vivendo sempre de seu roçado, hoje, com seus 90 anos, ele figura dentre um dos mais importantes mestres da poesia brasileira
Ele começou a compor os primeiros poemas aos doze anos. Aos 16 anos, ele comprou a uma viola, dando início à sua atividade de compositor. A alcunha de Patativa recebeu três anos depois, em uma viagem ao Pará, devido a semelhante do canto melodioso do pássaro com o canto de poemas. Em 1956 foi publicado o seu primeiro livro, “Inspiração Nordestina”, quando o autor já tinha 47 a-nos. Porém, só foi conhecer fama quando em 1964, Luiz Gonzaga gravou a música “Triste Partida”, de sua autoria. De lá pra cá, já publicou mais quatro livros de poesias e gravou sete discos.
A VOZ DO SERTÃO
Sua poesia traz na alma o gosto agreste e simples da vida do sertão nordestino. É o autêntico cronista da existência e das mazelas da região. "Sou o poeta da justiça e da verdade", autodefine-se. "A bagagem que tenho trago da roça. (…) Sou o poeta do social, da realidade, sou o poeta do povo." Seus po-emas contem os versos decassílabos e as redondilhas tão caras à poesia popular brasileira.
Seus versos, ele os tem todos de memória. Sua neta Isabel Cristina da Silva, que é uma das res-ponsáveis pelo Memorial Patativa do Assaré, recolhe ao final da tardes os versos compostos de im-proviso ao longo do dia.
E assim como o povo do sertão nordestino, Patativa do Assaré segue, compondo seus versos fortes e simples como a vida do sertão.
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