ILUSÃO
Olhei no espelho e vi teu rosto,
A me encarar como antigamente,
No reflexo sutil da mente
A refletir um tempo recomposto
Em nuances de cheiro e gosto
Estranho ângulo sob o espanto
Que a tua visão me causou:
Ora brilhante, ora distante,
A te trazer de volta por um instante
Com ânsia de todos os amantes
O véu do meu pranto te tirou de foco
Esperei que voltasses logo:
Para o fundo dos meus olhos,
Agora secos e foscos a refletir somente
A minha face: solitária e fria,
Ao sol do meio-dia
Por um momento, fugaz,
Pensei ter visto miragem,
Quando encarei sem nexo a tua imagem,
Em arroubos de coragem e paz
A lembrar de um tempo que não volta mais
Espelho sem compaixão
Reflexo fiel de tórridas noites de paixão,
Testemunha cruel de promessas em vão,
Esquecidas no breu da solidão,
Onde o amor se fez traição
Te afasta de mim, ilusão!
Em mim matastes a razão,
No silêncio espesso que me rendestes,
O meu pobre coração ofendestes,
És dor que o espelho não reflete,
Somente a alma padece,
E jamais esquece
MORGANA
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