DESPREZO
Quando o desprezo
Se faz presente no peito,
É recebido com extremo zelo,
Tratado com reverente respeito
Dele não se faz segredo,
Acabou-se o medo
É o reverso do sórdido universo,
No qual o amor perplexo
Foi palco da dor em abandono,
De um querer perverso,
Que sempre se fez submerso
Na sombra de seu próprio reflexo
Avaro até em gestos
O pouco que dá é resto
Que sobrou de seu ego funesto,
Sujeito e objeto de si próprio,
Não sente dor nem remorso
Pelos danos que causa,
No coração de quem o abraça
Amor sem compaixão
Que se alimenta da ilusão,
Do querer que conquistou sem razão,
Posto que a paixão mesmo sem alento,
Faz do tormento seu alimento,
E da dor seu sustento,
Feixe de emoções sem regras
A paixão não dá trégua,
É fera acuada, sem sossego,
É dor que sangra no peito
Mas quando esgota não tem jeito:
O que antes era loucura e desejo,
Hoje é apenas um frágil elo
Na lembrança do que um dia já foi belo
MORGANA
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