CAMA VAZIA
Amanheci com a alma ferida
Doendo fundo na cama vazia,
Com o dia latejando agonia,
Pela dor sem medida
Deste amor em despedida
As horas retidas no tempo
A marcar o momento,
Que te fizestes ausente,
Sem o brilho do sol poente
Na lassidão da tarde quente
Não deixastes sequer a promessa
De não me esquecer tão depressa,
De conservar-me na retina do passado,
Não como um amor fracassado,
Apenas adiado, insaciado,
Engasgado no querer apressado,
Na agonia que alimenta sem covardia
A fantasia desse querer em demasia
Desvaneço neste desejo,
Sem fim nem começo,
Neste berço de sons e beijos,
Quando a memória antecede a aurora
Na esperança de gesso
Desse amor sem apreço
Findo mais um dia sem esperança,
Adormeço com a lembrança
Que de repente tornou fútil
Esse amor inútil
MORGANA
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