CAIXAS DE PAPELÃO
Na casa agora vazia de móveis e sons
Estamos empacotando nossas vidas
Em caixas de papelão,
Seladas com nossas emoções
Acumulam-se as caixas
Sobrepostas e indiferentes,
A guardar pedaços de nossas vivências,
Misturam-se sonhos, esperanças,
Lembranças perdidas na memória
De um tempo que não volta
Assistimos de olhos secos
Nossa vida moldada, embrulhada,
Em caixas de papelão,
Misturadas às nossas ilusões
Que foram ficando pelos cantos
Agora desertos de nós
E são tantos os momentos
Deserdados antes do tempo,
Que hoje sem dono, em total abandono,
Não passam de restos de vida,
Jogados no lixo por falta de atenção
Nas tais caixas de papelão
Descartados como cacos inúteis
Mas que um dia foram únicos,
Agora não passam de entulho
Que farão parte do grande embrulho
Que vamos largando no meio da rua,
Sem a menor compostura
Até o dia que sem alarde
Seremos nós a fazer parte
Do entulho que um dia serviu pra tudo,
E hoje é parte morta, estragada e velha,
Que resmunga e pede e até fede,
E ninguém interfere,
Tal pássaro sem prumo
Virou túmulo.
MORGANA
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