VERBO AMAR
Ontem, o amor era alegria,
Fruto de uma outra geografia,
Que passeava nas ruas itinerantes,
Espalhando sutil esperança
Para moças sem aliança,
A espiar a lua, se cheia ou minguante,
Na certeza do amor se fazer eterno amante,
Mesmo que fosse amor errante
Hoje, o amor é mercadoria,
Negociado na boca da boêmia,
Vendido em qualquer esquina,
Para braços sem companhia,
Triste amor sem garantia,
Sem limite e sem idade,
Que não resiste nem um dia
Num peito em liberdade
Amanhã o amor será verbo infinitivo
Sem passado nem futuro,
Conjugado no presente do indicativo
Deste sentimento esquecido,
Qual verso maldito de um poeta enlouquecido
Menestrel de tempos idos,
Quando o amor era cativo
De paixão ou agonia,
Ou de um penar em demasia
De quem dele adoecia
MORGANA
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