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Contos-->O ASSASSINO -- 26/02/2004 - 13:45 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
João das Rupturas, naquela noite triste do final de janeiro, ali em Tupinambica das Linhas, o trecho do universo conhecido mundialmente, como o lugar que concentrava o maior número de doentes mentais do Estado de S. Paulo, vestindo aquela sua indefectível camisa de listras verticais vermelhas, mangas compridas, calça azul desbotada e um par de mocassins carcomidos, entrou no seu Monza velho e, ligando o som no último volume, deu a partida iniciando outra noitada insone e desesperançada.
Arrastando-se lentamente pelas ruas desertas, bebia cerveja de lata e fumava o Minister com avidez. A música sertaneja era ouvida no toca CDs, e no rádio, revezados por movimentos lerdos de quem estava bêbado.
Joãozinho, pensava no seu irmão, recém casado, que viera do sítio pra cidade. Eles quando alugaram uma casinha, na periferia, construíram um lar, onde almejaram ter harmonia e paz. Mas a cunhada do João das Rupturas, uma piranha malévola e espevitada, corneou o cara, humilhando-o diante de toda a família.
Joãozinho das Rupturas, infelizmente deixou-se impregnar por aquela mágoa toda. Procurava então, usando a bebida, esquecer o incidente.
Ocorre que as lembranças, iguais aos cancros, não lhe davam mesmo sossego. Mas ele, teimoso, insistia em achar o olvidamento, empregando cada vez mais e mais álcool.
Porém, meu amigo, os vícios sempre cobram seus preços altos e, as doenças assediavam-no perigosamente.
Quando surtou pela primeira vez, sua mulher pensou consultar um médico também vereador na cidade. O doutor tinha muito mais experiência do que lhe dava a clinica médica, e a intimidade com a literatura especializada. É que seu pai, também era alcoólatra notório. Mas elegera-se vereador, à custa de muitas baboseiras ditas num microfone de mafuá, por anos e anos a fio.
O doutor recomendou a internação do Joãozinho a fim de que ele se defendesse dele mesmo. Foi a primeira, das inúmeras que ele sofreria, durante toda aquela sua vida turva.
Quando Joãozinho das Rupturas, saiu do sanatório, percebeu que já não era o mesmo brincalhão que sempre tinha sido; pensava que a “marvada” pinga, com segurança, lhe devolveria a alegria de viver.
Tomando todas a que tinha direito, numa certa ocasião, cogitou em concorrer a uma vaga na câmara municipal de Tupinambica das Linhas. Mas, o coitado, só com 74 votos, não obteve a sinecura tão perseguida.
O material restante, da campanha, doou prum vizinho seu, que o despejou num ferro velho. A mulher do Joãozinho, jura até hoje, que levaram alguns quilos pros terreiros de macumba, onde lançaram sortilégios horríveis contra o padecente.
Já no final da sua trajetória por essa terra, Joãozinho meteu-se com alguns quadrilheiros e, numa emboscada assassinou um motorista de táxi, em Santa Maria dos Morros. O morto era famoso por ser mulherengo e, só comer mulheres casadas.
Quando atirou, na vítima, sentiu como se estivesse atirando no sujeito que havia manchado a honra do seu irmão.
Vi-o pela última vez, no tempo em que vivia já, “pra lá de Bagdá”, num estágio avançado da loucura. Vagava, com seu Monza velho, pelos bares da periferia, dedilhando o violão. Carregava, no porta-luvas do carro, alguns “tubos” continentes de pinga da boa.



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