Manequim de Vitrine
Solidão por compromisso
Com hora marcada,
Suplício anunciado
Calado, submisso,
Deste querer omisso
Covardia a dois
Cumplicidade canalha
Que corta tal navalha,
Tesoura afiada
A talhar a mortalha da alma,
Amesquinhada
As horas se arrastam
Com a raiva calada
Que corrói a alma já devastada,
Pela sutil indiferença
Mais que anunciada,
Concretizada
É preciso manter a dignidade,
Segurá-la com os dentes,
E a língua travada,
E as pernas fechadas,
E a boca selada,
Com véu e grinalda
Cubro o espelho da face
Com a máscara da tranqüilidade,
Mesmo com as entranhas em convulsão,
Disfarço a solidão
Deste meu querer em vão
Tento mostrar
Tal qual, manequim de vitrine,
Uma postura impassível,
Me faço quase invisível,
Na ânsia deste amor imprevisível
Indiferente e fria,
Me desfaço em ondas de rebeldia
A inundar este amor de fantasia,
Restos de nostalgia
De um amor de verdade,
Ontem realidade,
Hoje, apenas poesia,
De um amor em agonia
MORGANA
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