CADEIRA DE BALANÇO
Sentada,
Na cadeira de balanço,
Ela contava histórias
De tempos idos mas ainda vivos,
Refletidos no brilho
De seus olhos mansos
Seu rosto rendilhado,
Se acendia remoçado,
E naquele momento
Ela não tinha idade,
Tal era a vivacidade que emitia
Quando revivia seus dias de menina
Suas histórias me davam asas
E fascinada eu vislumbrava,
Partes de seu mundo encantado,
Povoado de estranhos personagens
Em seus longos vestidos de baile,
De espartilhos que me pareciam
Um torturante castigo,
E me causavam arrepios
De medo e fascínio
De frágeis sinhazinhas
Vigiadas por rígidas matronas,
Eternizadas em suas poltronas,
Já vivendo por conta e fogo
Dos sonhos dos outros
De moços pálidos e trágicos,
De mortes prematuras,
De eternas viúvas
Amortalhadas,
Em estado de puro abandono,
Que viviam como cão sem dono
Todas as tardes
Eu ouvia maravilhada
As historias da sua mocidade
Tão distante e naquele instante,
O tempo exalava saudade,
Uma tarde de março
Como sempre fazia,
Entrei numa alegria antecipada e pura,
Estranhei o silêncio da casa escura
Com uma azia na alma assustada
Busquei sua figura amada,
Estanquei alarmada,
A cadeira de balanço
Estava vazia!
MORGANA
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