A menininha
Era uma vez uma menininha corajosa, que lutava contra um gigante voraz, indecifrável, em contínua mutação. Sendo assim, quais seriam as suas chances de vitória? Isto ninguém poderia prever.
A menininha, ao longo de muitos anos, foi crescendo, desafiando seu inimigo. Ora estava bem, forte, ora se debatia , lutando contra seu algoz.
Na escola, era exemplo de esforço e determinação, somente faltando em casos extremos. Quando hospitalizada, submetia-se ao que se fizesse necessário, para encurtar sua permanência fora da cidade natal.
Muitas etapas foram vencidas. O tempo foi passando. A confiança se reforçando. Sonhos e planos sendo esboçados. Finalmente um doador compatível sendo identificado.
Mais alguns dias, e o transplante de medula sendo agendado.
A luta estava valendo a pena. O futuro seria efetivamente feliz. Colegas já esperando seu retorno. Familiares já sonhavam com um futuro saudável, todos juntos, no aconchego do lar. Era só uma questão de tempo. O grande dia estava se aproximando.
Coisas do destino, e uma pneumonia atingiu este corpo de menina, tão valente, desencadeando um quadro inesperado. Em poucos dias, nossa meninina se foi, e junto seus planos e suas risadas infantis. Teria mais um cobertor, para agasalhar seu corpo fragilizado, salvo a sua vida? Quem sabe? Às vezes, basta um cobertor a mais, para uma vida salvar. O amor pode vencer o càncer. E o amor não custa nada, basta dar e receber.
Claudete Sulzbacher
Secretária Geral da
Liga Feminina de Combate ao Càncer de Santa Cruz do Sul/RS
Em 28.05.2003
Alusivo ao lançamento da campanha "O inverno mais quente de nossas vidas".
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