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cronicas-->Perdido na Metrópole (19) Perdido no Rock -- 04/06/2003 - 14:28 (Silvio Alvarez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Perdido na Metrópole - Silvio Alvarez
Ilustração: Bruno César

Todo mundo está careca de saber que sou assessor de imprensa de uma banda de rock, entretanto ainda não falei das mazelas desta interessante profissão. Foi este trabalho que propiciou meu retorno à metrópole.

Cheguei aqui contratado para divulgar a banda Yslauss. A banda tem um rock pop descontraído e gostoso de ouvir. O legal deste trabalho foi passar a conviver com outra geração. Estou na área de eventos e música desde os meus 18 anos. O mercado fonográfico mudou radicalmente. Não posso utilizar quase nada das experiências dos anos 80 e 90.

Com este ofício estou conhecendo os bastidores da música nacional e desmistificando algumas concepções erróneas. Somadas às vivências como colunista, o retorno, como experiência de vida, é sublime.

Logo quando cheguei do interior acompanhava todos os shows. Com a equipe de produção e a banda, embarcava na van do Yslauss na quinta-feira e voltava no domingo. Uma apresentação a cada dia em lugares totalmente diferentes. Meus dois neurónios foram ficando malucos até chegarmos à conclusão que minha área era o escritório. Mesmo assim, depois de um ano e meio, tenho de estar presente em alguns eventos para não perder o rumo do projeto.

Ontem mesmo estive em um show realizado na casa mais rock´n roll da cidade. A banda é pop rock, entretanto a experiência foi punk.

Acordei às cinco da manhã e não estava muito preparado para emendar até as três do outro dia. Fizemos a abertura do show da banda... Percebam o nome! Velhas Virgens!

Na estrada desde que me conheço por gente a Velhas Virgens é formada por roqueiros experientes que abusam da verve machista para criar um humor cáustico e viril. A banda carrega multidões aonde quer que vá. Com este nome, música evangélica não poderia ser.

Primeiro tivemos de administrar a lista de convidados. De início fomos informados de que poderiam ser 10. Depois subiram para 20, ainda bem! Só que quando os VIPs começaram a chegar avisaram que tínhamos direito a apenas 4. O povo na porta querendo entrar e eu com cara de ameba desnutrida e confusa do lado de dentro. A sorte é que vivemos no Brasil onde tudo é negociável e conversável! Transformamos os 4 em 25! Milagre! Colocamos quase todo mundo para dentro do lugar na faixa. Não me perguntem como. O produtor e eu roendo as unhas sem necessidade.

Ficamos em um terraço-camarim até o show. A casa lotada, em pleno meio de semana. A apresentação foi das melhores e o público também. Enquanto a banda faz o seu trabalho, a equipe técnica, onde me incluo, deve acompanhar todos os detalhes, atendendo a fãs e convidados.

Para não perder o costume os seguranças me perseguiram. Um homem-armário com dois metros de altura veio em minha direção com uma cara não muito simpática. - Meu senhor, fui informado que estão entrando muitas pessoas sem identificação no camarim. Não posso autorizar. Ele tinha razão, porém demorou muito a perceber ou ser informado. Quando chegou para dar a bronca, a nossa galera tinha ido embora. Ofereci aquele sorriso de sabe como é acompanhado de uma cara de não fui eu! Não apanhei!

O mala (eu), segurando a mala, extensão do meu braço, espremido entre umas 500 pessoas que curtiam o som. Pensei com os meus botões: eu mereço. Foram me pedir a relação das músicas do show com bastante antecedência: 2 minutos. Tive que escrever o repertório em três cópias em um minuto. Escrevi o nome das 10 canções em cada folha e coloquei sobre o palco frente aos músicos. Depois é que fui pensar. Não havia papel em branco! Tinha escrito no verso de uma entrevista realizada por Internet. Em meio aos roqueiros pulando, no final da apresentação agachei junto ao palco discretamente e resgatei os escritos. Não antes de ser empurrado, vaiado, espremido...

Dever cumprido. Voltamos ao camarim e o segurança, o mesmo, na minha cola. Dei tchau a ele de longe! Com cara de esqueceu o que fiz?

Eu já não estava mais raciocinando. O sono chegou todo de uma vez. Vieram conversar comigo e eu só no hã, hã. Não tinha outro jeito. Vocês já perceberam que quando estamos cansados um ataque de riso é muito mais provável do que em outros momentos? Hã, hã! Um rapaz se aproximou e disparou uma pérola. - O senhor tem reparado como cresceu o número de bandas brasileiras que fazem sucesso na Espanha, sobretudo em Lisboa. Aguentei o suficiente para sair cordialmente.

Quase carregado de tanto sono cheguei em casa. Nada de conseguir dormir. Saí. Fui à Padaria 24 horas da esquina. Todo mundo bebendo cachaça e cerveja aquela hora da manhã. Cheguei com a cara e a alma amassadas. Solicitei no balcão em alto e bom som.

- Um chá de camomila, por favor. Todos me olharam com perplexidade! Parecia estar pedindo leite desnatado light integral em um saloon no velho oeste. Normal! Só comigo mesmo!

Silvio Alvarez é assessor de imprensa da banda rock pop YSLAUSS, artista plástico de colagem e colunista. silvioalvarez@terra.com.br
Ilustração - Bruno César: brunoartes@uol.com.br
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