Usina de Letras
Usina de Letras
139 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62182 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50584)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Tsunami -- 09/11/2000 - 23:15 (Silvio Freitas Teixeira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
I

A água subia muito depressa. Douglas não estava desesperado, sabia que se perdesse a calma morreria. Viu o Tsunami chegando e se arrependeu de não ter escapado quando ainda era tempo. Ele correu o mais que podia, mas sabia que não poderia escapar.
Então a água o alcançou, cobrindo-o por todos os lados.

II

A Terra já havia sido um lindo lugar para se viver.

Por bastante tempo se falou em poluição no ar, na terra e no mar. Questionou-se sobre Extraterrestres, em como deveríamos estar unidos contra um inimigo comum. Falou-se sobre os cometas, alguns países estavam prontos para derruba-los quando viessem destruir a Terra. Mas o desastre não veio do espaço. O desastre veio de onde se esperava a salvação, da tecnologia.

Por volta do ano de 2080 o homem já havia conseguido proezas perpetuadas como milagres através dos avanços tecnológicos. As doenças não haviam deixado de existir, mas a cura do câncer e da AIDS, quase que simultâneas, trouxeram um novo salto de investimentos para as áreas da saúde, onde se buscava cada vez mais a longevidade. No entanto essa procura desenfreada levou a testes cada vez mais ambiciosos e com menos escrúpulos.

A geração clone veio a tona. Não para existir, mas para servir de cobaias em todo tipo de testes que antes a ética não permitia.

Os investidores dessa nova busca pela longevidade, decidiram então atacar com toda força um dos maiores problemas do século 21: a redução da camada de ozônio. Os altos níveis de radiação, resultado da perda dessa proteção natural, eram assombrosos. As pessoas precisavam utilizar algum tipo de protetor solar, mesmo em seu dia-a-dia, e para aqueles que não abriam mão de seu direito de banharem-se nos mares, os fatores de proteção aumentavam de forma logarítmica.

Iniciaram-se os testes para tentar recompor a camada de ozônio. Porém os caríssimos testes que foram feitos, demonstravam que os efeitos de restauração eram temporários. Os clones foram largamente utilizados nessa etapa. Sua substituição constante demonstrava que os resultados ainda não eram o esperado.

Então no fatídico dia de 17 de janeiro de 2086, foi anunciado que haviam descoberto a solução definitiva. Divulgaram os secretos testes que haviam realizado na Antártida, onde a camada de ozônio se mostrava mais tênue, e que teve sua atmosfera bombardeada com o produto responsável pela revitalização do ozônio. Diversos clones estavam deitados nus, recebendo toda espécie de radiação provinda do sol, e apesar de permanecerem diversos dias sob essas condições, não demonstraram haver quaisquer indícios de queimaduras, câncer de pele ou problemas com o sistema imunológico relacionados a uma exposição excessiva à radiação ultravioleta.

Milhões de pessoas acompanharam com interesse, através da Internet, os testes exaustivamente realizados e as análises dos níveis de radiação. De fato, a reconstituição da camada de ozônio fora um sucesso. Não apenas o problema que por tanto tempo se arrastou estaria sanado, como também as eventuais agressões futuras causadas por Clorofluorcarbono, Gás Carbônico e outros agentes nocivos, não seriam mais problemas já que o efeito ozonizador era permanente. Moléculas eram quebradas e remodeladas gradativamente para gerar o ozônio necessário.

Os clones demonstravam que o resultado era satisfatório, mas eles eram apenas clones.

Uma das coisas que os cientistas haviam aprendido nos processo de clonagem é que jamais se conseguia um resultado adequado se tentasse fazer um clone a partir do DNA de outro clone. Todas as cópias bem sucedidas deveriam ter o DNA Mater retirado de um ser humano original, sob risco de dar vida a aberrações físicas ou psicológicas.
Porém aqueles que questionaram o resultado com essas alegações não foram ouvidos. As grandes corporações, investidores e por conseqüência os meios de comunicação de massa, não tinham interesse em postergar mais 10 ou 20 anos em testes que julgavam desnecessários e principalmente porque teriam que se responsabilizar por um grande prejuízo financeiro durante suas administrações.

Após exatamente um ano da divulgação da noticia, no dia 17 de Janeiro de 2087, o foguete, batizado como “Mágico de Oz” foi lançado com a carga necessária para cobrir o planeta, realizando a recomposição da camada de Ozônio na Terra.

Um sucesso tão grande que calou até mesmo os cépticos.

Durante dois anos os resultados se mostraram absolutamente dentro do esperado, superando até mesmo a expectativa na área da Antártida, já que acabou recebendo uma carga extra da mesma solução a base de oxigênio. O ozônio se formou quando o oxigênio foi exposto à radiação solar, acrescentando um átomo extra de oxigênio ao oxigênio como respiramos transformando-o assim de O2 para O3.

Porém de repente o mundo acordou de sobressalto. Alguns cientistas da NASA haviam detectado uma súbita alteração na reação molecular nas camadas mais altas da atmosfera. O ozônio existente na estratosfera começava lentamente a aproximar-se da terra, e se a 25 Km de distância o Ozônio é um excelente filtro às radiações ultravioletas, próximo à superfície agravaria a poluição e seria o responsável por uma grande precipitação de chuva ácida.

A desgraça se completaria quando perceberam que não apenas a camada extra criada aproximava-se perigosamente, como os abusos praticados nesses últimos dois anos de teórica proteção cobravam agora seu preço, atingindo de forma avassaladora a camada original.

Os cientistas se voltavam agora à nova e maior ameaça.
A temperatura no planeta subia rapidamente. Em menos de 6 meses a média de temperatura já havia subido em 3 graus, o suficiente para começar o degelo das calotas polares.
Diversas localidades litorâneas, como Holanda, Bangladesh, Miami, Rio de Janeiro e parte de Nova York estavam sendo inundadas por gigantescos maremotos. O aquecimento do ar aumentou a evaporação da água do mar, formando um grande volume de nuvens, crescendo drasticamente a quantidade de chuva em áreas, antes desérticas, como o norte da África e o nordeste do Brasil.

Além disso, pragas de insetos, como a mosca Tsé-Tsé, antes existente apenas na África Central, haviam se favorecido do aumento da temperatura e umidade, assolando agora os Países mais ao norte.

Os cientistas de todo planeta estavam agora em uma corrida para tentar salvar a vida na terra.
E estavam perdendo...

III

Douglas sabia que não estava sendo muito racional. Ele já havia recebido duas vezes o chamado para retirada. Mesmo seus colegas, sempre parceiros nesse tipo de trabalho voluntário, tinham partido. Tentaram de toda forma demove-lo da idéia de permanecer, mas ele sempre pediu por um pouco mais de tempo, sempre um pouco mais. Ele não os culpava, assim como jamais culpou sua esposa por pedir o divórcio. Ainda que a amasse mais do que qualquer pessoa no mundo, nem mesmo ela poderia compreender a sua paixão pelo trabalho que realizava.

Como voluntário da cruz vermelha, ele tinha a oportunidade de dar sua parcela de colaboração aos que precisavam de ajuda, e não havia quem se dedicasse mais a esse trabalho do que ele.
Fazia o que fazia por puro prazer, por convicção. Acreditava no seu trabalho e constantemente colocava sua segurança em segundo plano na tentativa de ajudar aos mais necessitados. Mesmo quando os grandes cataclismos ainda não haviam começado, ele trabalhava junto aos povos pobres, aos filhos das guerras, aos excluídos da sociedade.

Era isso que fazia agora na cidade de Fujian, na China.
Parecia impossível que ainda houvesse tantas pessoas no centro da cidade, ainda que a sirene, avisando o maremoto que se aproximava, já se fizesse soar a três dias.
As pessoas corriam para todos os lados, e algumas nem corriam mais, apenas caminhavam como se nada estivesse acontecendo.

Douglas conseguiu salvar mais de 2000 pessoas em Taiwan, antes de vir até aqui. Porém a qualquer momento toda a cidade seria inundada e essas pessoas morreriam. Ele se recusava a aceitar a idéia de que com milhares de aviões e meios de transporte, não houvesse como retirar o povo que ainda estava espalhado por todos os lugares.

Seu telefone tocou mais uma vez, ele não precisou atender para saber que era o pessoal do departamento exigindo o seu retorno. Eles já haviam ligado seis vezes, três somente na última hora. Mas ele parecia hipnotizado com seu trabalho. Tentava levar o povo para as partes altas da cidade, lá talvez houvesse alguma chance.
Ele sabia que havia um pequeno helicóptero para sua própria fuga, mas queria ter certeza de que não sairia antes do tempo.
Doug ainda possuía a ingenuidade de achar que poderia mudar o mundo. Mas não podia.

Primeiro ele ouviu o rugido, algo como madeira quebrando, só que muito mais alto, só que muito mais longo.
Ele gritava com as pessoas, ordenando que corressem mais rápido. Em seus braços uma criança que encontrou chorando abandona na rua, era mais uma morte certa, a não ser que ele pudesse evitar.

Então ele viu o mar. Diferente das outras vezes que havia visto, agora ele o via na vertical.
Aquilo não se parecia com uma onda, parecia bem mais com um pesadelo, só que real. Ele continuava a correr, já não gritava mais, apenas corria e esperava o momento de ser atingido pela água. A água subia muito depressa. Douglas não estava desesperado, sabia que se perdesse a calma morreria. Viu o Tsunami chegando e se arrependeu de não ter escapado quando ainda era tempo. Ele correu o mais que podia, mas sabia que não poderia escapar.
Então a água o alcançou, cobrindo-o por todos os lados.

Havia chegado a hora. Mas a hora de quê ? Ele pensava que deveria se manter acima da água para tentar nadar até um local onde pudesse haver terra para continuar a correr, mas não contava com o turbilhonamento que o comprimiu, girando seu corpo para todo lado, fazendo assim com que perdesse totalmente o senso de direção embaixo da água. Ele ainda pôde ver quando a pequena menina se desprendeu de seu corpo, não conseguiu segurá-la. Seu destino não pôde ser mudado.

Com os olhos abertos pensou que então seria assim a sua morte. Ele não tinha medo da morte, tinha medo de sofrer.
Lutando embaixo da água ele tentava pensar com calma, sentiu que seus pulmões começavam a arder. Soltou um pouco de ar, teria que suportar até que a água diminuísse sua força e parasse de jogá-lo para todos os lados, então ainda teria de subir à tona.
Seus olhos ardiam, ele nunca fora um exímio nadador, mas não desistiria de tentar. Debatia-se embaixo d’água e achou estranho que pensasse com tanta clareza diante de uma condição tão adversa. Pensava se o fim se daria com uma cãibra ou se quando não suportasse mais a falta de ar aspiraria água e então morreria, tudo isso em segundos.

Subitamente sua mão bateu em algo sólido e apesar da água turva, ele percebeu que era a marquise de um edifício. Agarrou a aba da marquise com as duas mãos e impulsionou seu corpo verticalmente à ela. Não tinha certeza se estava impulsionando-se para cima ou para baixo, mas não havia lugar para dúvidas. Batia os braços vigorosamente e de uma forma ordenada, porém as pernas começavam a ficar descoordenadas e teve de se chacoalhar por inteiro, como que para ajeitar o corpo novamente.

Em rápidas braçadas ele percebeu que havia chegado ao topo do pequeno edifício e ainda não chegara a superfície. Pensou mais uma vez na morte e viu que ela parecia muito perto. Pensou que não viu sua vida como um filme passando a sua frente, como sempre diziam que acontece quando se morre.
Então não acontecia nada ? Só queimava o peito como se tivesse engolido dois pedaços de brasas, um em cada pulmão.
Tomou impulso no teto do edifício e jogou-se para cima, pelo menos agora ele tinha certeza que era para cima, a não ser que o edifício também estivesse de cabeça para baixo.

Então ar ! Ele chegara à superfície. Arfou e afogou-se com o próprio ar engolido em grande quantidade. Pensou que precisava boiar para tentar descansar um pouco. Não conseguia respirar normalmente, seu cansaço enorme não permitia que puxasse o ar adequadamente, então ofegante, respirou pela boca em rápidas e curtas arfadas.

No entanto se havia conseguido chegar até a superfície, ainda estava longe de se colocar à salvo. Uma onda seguida de outra não permitia que boiasse, então voltou a nadar.
Não enxergava a terra, no entanto sabia que como seus olhos estavam ao nível da água poderia estar a cem metros da terra que não a enxergaria.

Embaixo da água havia se saído razoavelmente bem, porém na superfície as dificuldades aumentavam. Ele não conseguia respirar pelas narinas e, mesmo que pudesse, tinha medo de aspirar água para os pulmões, sabia que poderia ingerir uma certa quantidade de água salgada pela boca sem maiores conseqüências porém se aspirasse algumas gotas para os pulmões, um acesso de tosse decorrente da sua situação poderia ser fatal.

Ele tentava manter o corpo na superfície, seus braços continuavam quase que automaticamente, mas suas pernas teimavam em ir para o fundo, deixando-o por diversas vezes praticamente na vertical dentro da água, o que não ajudava em nada a sua propulsão. Nadar não era uma coisa simples para ele e as condições adversas certamente não estavam ajudando em nada.

Doug não era muito religioso. Não admitia ser ateu mas confessava ter ido a igreja pela última vez no seu próprio casamento. Porém ele não tinha nada a perder, então rezou. Pediu para que Deus lhe ajudasse a encontrar terra firme, e resignou-se com sua morte se assim tivesse de ser, mas que ele morresse sem sofrer. Então esperou por qualquer coisa que parecesse um sinal, mas nada aconteceu. Não morreu nem tampouco chegou à margem.

Ele tentava coordenar as pernas novamente mas então uma onda acertou-lhe o rosto em cheio no momento em que respirava fazendo com que engolisse bastante água. Sua respiração cada vez mais rápida e ofegante agora obrigava-se a alternar com arrotos involuntários, conseqüentes da ingestão de ar e água.

Agora ele via a terra firme, mas lhe parecia demasiadamente longe para que seus braços exaustos pudessem leva-lo. Gritou por ajuda, mas seu grito fora completamente abafado pelo som das ondas e ele percebeu que apenas gastaria mais energia desnecessariamente.

Então ele recebeu o sinal, ou poderia considerar assim. Subitamente chocou-se com algo solido, ele não sabia o que era, mas era um ponto de descanso. Agarrou-se ao seu pequeno porto seguro com tal força que seus braços lanharam contra as pontas das rochas que lhe serviam de apoio. Ele não se importou, poderia ficar ali o dia inteiro, não morreria mais, pelo menos por agora.
Longos minutos se passaram, uma hora talvez. Ele sabia que precisava continuar, já via a terra a pouca distância mas não tinha sido fácil até chegar aquele ponto razoavelmente seguro, e não era fácil sair dali agora.
Douglas gabava-se de jamais ter tido uma única dor de cabeça, e agora parecia que algo pressionava de dentro para fora como que se fosse estourar a qualquer momento.
Ele virou a cabeça vagarosamente, olhou ao redor e a visão que teve foi desoladora. Uma cidade inteira estava debaixo da água. Não apenas as ruas haviam sumidos, mas também as casas, as praças, as árvores e os pequenos edifícios. Corpos de pessoas mortas agarradas a pedaços de madeira, com as unhas cravadas em uma última e vã tentativa de salvação.

“- Porque não fugiram quando podiam!” – Pensou Doug quase em estado catatônico

Só então percebeu que seus braços sangravam, e que de uma forma não muito usual estava no mar. Pensou se haveriam tubarões nessas águas e resolveu usar a adrenalina provinda dessa nova preocupação para voltar a nadar, ele já se considerava salvo, não queria dar nenhuma chance para o azar.
Então se pôs a nadar em direção a terra. Com braçadas que rendiam pouco mas que o aproximaram pouco a pouco da terra ele começou a ouvir gritos de pessoas. Não conseguiu definir o que diziam mas eram várias. Pensou que estaria perto então, pois deveriam ser de pessoas que estavam a salvo. Ele ouviu um ruído estridente e ligeiramente familiar, pensou que poderia estar ouvindo coisas que não existiam e isso lhe preocupou pois poderia ser algum sintoma que ele desconhecia de que estava por desfalecer, por sorte estava errado.

IV

A pequena embarcação havia atracado a poucos minutos. Douglas, deitado de costas, tentava se recuperar. A cabeça continua girando e ele tinha a impressão de que continuava dentro da água. Ao seu lado, Carol não perdia a oportunidade de repreende-lo.

“- Espero que isso lhe sirva de lição seu cabeça-dura ! Como você pode querer salvar o mundo se não consegue salvar a sua própria pele !”

“- Deixa ele Carol. Acho que ele nem tá te ouvindo agora. E afinal de contas ele fez muito mais do que nós quatro juntos.” disse o piloto do helicóptero de resgate Rogério Santos.

“- Uma ova que fez ! – Gritou Carol dirigindo-se ao jovem piloto – “- Nós somos um time ! Um time entendeu ! Não dá pra qualquer de nós um sair por aí fazendo o que der na veneta. Não estou dizendo que o que ele tentou fazer não era certo e louvável, mas não dá pra ignorar o que a gente decidiu em conjunto.”

“- Ela tá certa Roger – disse Douglas levantando a cabeça. Foi mal mesmo gente, peço desculpas a todos mas não deu pra evitar.” Disse isso e virou a cabeça rapidamente antes que outro acesso de tosse o fizesse vomitar mais uma vez.

O fedor da fumaça do charuto que chegou até os cinco jovens, denuncio a chegada do ex-coronel Abelardo Constanzo. Constanzo era o mais velho e experiente do grupo e apesar de jamais ter participado de uma guerra havia recebido diversas medalhas por seu trabalho junto as tropas da ONU. Agora chefiava um dos principais grupos de exploração e resgate da Cruz Vermelha Internacional.

“- Okey meninos e meninas, já chega de descanso. Não há mais nada para nós por aqui. Como de costume, agora que é tarde o pessoal local está assumindo o trabalho. Bando de covardes! Recebi um comunicado de que estão precisando de nós na Austrália. Algum voluntário ?” – Questionou Constanzo mais por costume que por necessidade.

“- Pode contar comigo Senhor !” Afirmou Rogério “– Dou uma carona pra vocês !”

“- Austrália ? Eu sempre tive vontade de ver um canguru de perto mesmo. Vamos lá !” Confirmou o espanhol Miguel Pérez enquanto desmontava o barco inflável com o qual haviam resgatado Doug.

“- E vocês meninas ?” – Questionou Constanzo dirigindo-se a bióloga-marinha Carol Cartright e a jovem médica Larissa Redeker. As duas mulheres responderam através de uma confirmação com a cabeça. Os últimos dias estavam sendo uma provação para elas que haviam se juntado ao grupo a pouco tempo. Mas a adversidade, ao invés de alquebra-las estava fazendo-as mais fortes.

“- Douglas ? “

“- Tem muita água por lá ?” Questionou sem nem ao menos se desvirar de onde estava deitado recompondo-se.

“- A Austrália é um país totalmente rodeado de água.” Respondeu Abelardo

“- Ai meu Deus. Acho que eu nunca mais vou ter sede na minha vida. Bom, se alguém me arrastar e jogar esse velho e castigado corpo para dentro do helicóptero...” Anuiu Douglas já demonstrando seu bom humor característico.

“- Então vamos lá !”

Eles sabiam que não podiam mudar o mundo, mas estavam fazendo uma importante parte para que a situação não se agravasse mais ainda. Sabiam também que o melhor de seu trabalho não seria de nenhuma valia se os cientistas não descobrissem uma forma de reverter o quadro fatídico em que ainda se encontravam.

Mas isso, era outra estória...


“Somente quando for cortada a última árvore,
pescado o último peixe,
poluído o último rio,
é que as pessoas vão perceber
que não podem comer dinheiro."
(Provérbio Indígena)
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui