ELEGIA
“Neste poema... a dor... oculta-se sob os véus mais finos e ao mesmo tempo mais indevasáveis” Carlos Drummond de Andrade, Passeios na Ilha, p. 196”.
A um grande pai, também Antonio.
Luiz meu filho, junto à cabeceira
pressinto o nosso sonho sucumbindo.
Um sopro exala... a vida sorrateira
vai de mansinho enquanto estás dormindo.
E eu choro filho, a estada lisonjeira,
o pouco tempo deste sonho infindo,
acalantado pela vida inteira,
a cada despertar do sol, fulgindo.
A tua vida alargou-se-me os espaços
colhidos na explosão, nos estilhaços
da braba luta que minha vida encerra
e hauriu no Parlamento um estilo ardente,
bem humorado, astuto, inteligente,
um dom de Deus, por Deus de volta à terra.
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