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Contos-->ASSOLANDO -- 01/03/2004 - 10:08 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não diria que ela se parecia com uma borboleta social, inconstante e volúvel, nas suas atividades, mas que era uma pessoa muito perturbada, lá isso era.
Cindy Crau vinha do tempo em que se chamava um rapaz bonito de pão. Por isso pensava, durante o baile barulhento, que aquela figura lindíssima, ali na sua frente, era mesmo um pão. Um jovem pão.
Na sua terra o pessoal era tão antigo, mas tão antigo que projetava construir, em plena era espacial, uma oficina para bondes.
Era crédula e supersticiosa. Um dia quando, ao engatar a marcha à ré no seu Monza, arruinado pela ferrugem e cor de burro quando foge, a engrenagem arranhou. Ela incontinenti, atribuiu o fenômeno aos maus espíritos que, com certeza, acompanhavam o vizinho, aquele chato, que deveria ser excluído da comunidade e, morar longe.
Alguém, menos alienado, imputaria o fenômeno, à ausência de energia na compressão do pedal da embreagem.
Ela trabalhava numa livraria da cidade e quando o jovem entregou-lhe, sugestivamente, um volume de Todos Os Homens São Mortais, da Simone de Beauvoir, ela inquiriu com um sussurro: “Nossa! Será que isso é mesmo verdade?” Ante a afirmativa do moço ela rebateu: “Ainda bem que sou Drag Queen”.

Era tão bobinha que tentou pagar uma conta na venda, do seu bairro, com o dinar macedônio, julgando que o vendeiro, não desconfiaria do engodo.
Cindy, a velhota, com aquele seu cérebro de minhoca, tinha qualquer lesão ali no lobo temporal, visto que ouvia muito bem o que lhe falavam mas, não entendia bulhufas ou patavina.
Era, com acerto, a manifestação da afasia causada pela idade, que entrava agora em cena, naquele espetáculo insosso da sua vida insípida.
Ela já passara por 58 primaveras e quando se via assim, como direi, espicaçada, dava logo um jeito de ter um foto sua, estampada na coluna social do jornal. Ela pensava que uma imagem valia por mil palavras. E seria melhor pro seu ego, se aparecesse sempre, ao lado duma autoridade qualquer.
Cindy Crau tinha uma colega, de longa data, conhecida no trecho como Raimunda-pé-na-bunda, que acreditava poder manipular alguém à distância; por isso ordenava, aos vizinhos distantes, que fechassem e abrissem suas portas ou janelas. A esquisitice não dava certo nunca, mas quando ocorriam coincidências, serviam pra impressionar os tolos que viviam à sua volta. Essa sua colega fazia parte duma turma, de Tupinambica das Linhas, que conferia ao lugar, a fama de ser o trecho do mundo, com a maior concentração de loucos de todo o restante do Estado de S. Paulo.
Cindy Crau era filha dum datilografo, escritor frustrado, que começou a escrever em 1931. Ele imitava, utilizando o mimetismo, Nelson Rodrigues, Pedro II, Olavo Bilac, e muitos outros. Sua primeira obra foi publicada em 1932 e não passava dum arremedo pífio do trabalho poético de Castro Alves.
Quando era catador de papel, o pai da Cindy Crau, taxado de louco, morava em Uberaba, onde morreu e foi enterrado.



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