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cronicas-->Cena estudantil -- 09/06/2003 - 16:43 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando entrei no recinto percebi que havia um forte cheiro, odor, olor ou coisa semelhante de incenso. A dona da casa estava atraindo forças para resolver o problema do dinheiro que não veio naquela semana. Não veio pelo fato da empresa não receber do governo, que estava atrasando os pagamentos por falta de arrecadação de impostos, já que os empresários não conseguiam vender mais nada e o capital de giro havia sido retirado do mercado.
Na ànsia de melhorar o ambiente havia também uma pomba ensanguentada e umas três velas pretas no meio da sala. A garrafa de cachaça estava cheia d água, já que faltara dinheiro para agradar o "santo". Caboclo velho talvez não visse toda a arrumação e a má intenção da desaforada. Num outro canto uma apostila de informática suja de molho de massa de tomate, testemunha ocular da pizza de quinta-feira, dia semanal de lazer, hora sagrada de esculhambar a casa.
Apostila enjoada, que fazia lembrar que precisava passar no exame final, se não o diploma de segundo grau não vinha.
Foi assim que encontrei Rita Baiana, que não era baiana, mas gostou tanto da Bahia, que trocou de nome ao completar dezoito anos. Era argentina, uruguaia, algo assim, já que falava um portunhol muito ruim, preguiça de aprender a falar direito fora de sua terra.
Num canto do sofá sobravam restos de livros, comidos com a intenção de assimilar a matéria.
Rita preferia molhar as páginas no leite e olhar as fotos, com preguiça de ler. Encontrava motivação somente em atividades físicas, pois precisava de movimento para se concentrar. Os estudos a incomodavam.
No último ano, sob efeito de drogas pesadas, havia aprendido a comer páginas. Comia pouco, mas sempre passava mal. Alguém lhe falara em comer cultura. Entendeu mal, talvez entre um e outro lance de LSD, sua forma predileta de fugir do mundo.
Havia também um livro de memórias de Simon Bolívar, um dos principais idealistas de uma América livre do domínio europeu. Frases, biografia, comentários.
Um deles Rita sublinhou com caneta vermelha: "Um povo ignorante é instrumento cego de sua própria destruição."
Rita estava quase morta pela falta de alimentos adequados quando a encontrei. Tentou comer uma página de Nietzche para entender o conceito de super-homem. Vomitou. Levei-a para o hospital, mas acabou morrendo, cega pela ignorància e pela falta de metodologia correta para enfrentar a vida.
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