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Contos-->O PAVÃO DO VIEGAS PRETO -- 04/03/2004 - 16:36 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Capítulo 1



O filho do vizinho, aquele retardado mental, em 1963, ali em Tupinambica das Linhas, (trecho do universo conhecido como o local que concentrava a maior quantidade de doentes mentais do Estado de S. Paulo), ganhou de presente, no seu aniversário, uma bola de futebol.
Ela era de couro, toda costurada e, lembrava muito, as usadas na copa do mundo de 1962.
Aos primeiros ruídos que, com ela produziram, aqueles moleques dos infernos, ali no quintal, elevou-se o murmúrio de inveja e ódio da patuléia residente ao lado.
Contrariando a mãe, dos diabinhos, que os mandava, a toda hora, para fora de casa, a fim de que chutassem a pelota na rua, os pestes não se incomodavam.
E foi depois de uma desobediência dessas que, com um pontapé de trivela, o mais velho, lançou a bola na casa do vizinho. O maior dos irmãos trepou no muro e percebeu que a redonda havia caído dentro da panela de arroz, que acabara de ser cozido.

Capítulo 2


Augusta, a filha cozinheira, irada pegou-a e, rogando pragas, jogou aquele objeto maligno, de volta pro moleque malcriado.
Quando a mãe da moça, dona Justina, chegou do açougue, trazendo costelas de porco, foi recebida pela filha que reclamava contra o barulho e as boladas dos vizinhos baderneiros.
A velhinha saiu ao quintal e com o dedo médio em riste murmurou em tom baixo só ouvido por sua filha: “Deixa estar, jacaré, que a lagoa há de secar”. Dizendo isso voltou pra dentro de casa, ordenando que todos se sentassem para almoçar.
Na manhã seguinte, Francisco de Paula, o marido da velhota, baixota e balofa, (ela era tão baixinha, mas tão baixinha, que quando se sentava, em qualquer cadeira comum, ficava com os pezinhos suspensos no ar), chegou bem cansado do trabalho e teve que ouvir uma cascata de reclamações.
Ele era foguista da estrada de ferro RFFTL S.A. – Rede Federal de Ferrovias de Tupinambica das Linhas S.A – e escutando, nervoso, os queixumes da esposa e filhas, disse que tomaria as providências. Instruiu as moças, ensinando-as como proceder em caso de nova queda de bola, ali na casa deles.


Capítulo 3


No dia seguinte, pela manhã, depois da quizumba costumeira, os irmãos deixaram de se zangar e, irmanados jogariam, outra pelada trepidante.
Num chute, daqueles que lança a bola, a centena de metros, criando um problema, a coisinha marrom foi perdida de vista.


Capítulo 4



Ouvindo o burburinho queixoso, daqueles moleques, que se elevava ali no quintal, dona Justina, mandou que seu filho Augusto (o taludo, que fazia ginástica com halteres), corresse lá para a rua e apanhasse a bola dos infelizes.
O garoto assim o fez. Furtou a bola escondendo-a debaixo da cama do seu pai.
Quando o velho chegou do trabalho, foi abordado pela esposa que lhe explicou as ocorrências.
O foguista, que era baixo, mantinha uma barriga tão proeminente, que quando se escondia atrás duma árvore ou poste, era denunciado pelo abaulado flácido.
O funcionário consolou a família arreliada e levou a bola pro serviço.


Capítulo 5



Um colega seu de trabalho, conhecido como Camargo, ao vê-la pediu-a. O velho falou que o presentearia, se ele lhe fizesse o favor de dar, com ela, uma bolada na cara do moleque abusado.
Camargo não se encorajou para a prática do delito, mas convocou um amigo seu chamado Oliveira, que freqüentava o mesmo clube social dos garotos algozes do Francisco de Paula.
Ambos, Oliveira e Camargo, eram consulentes assíduos dos espíritos, nas sessões noturnas, da seita maligna do PAVÃO DO VIEGAS PRETO, situada nas cercanias da cidade.


Capítulo 6

Oliveira, quando soube pelo telefone, que o moleque safado estava no campinho, jogando futebol, correu para lá, vestiu rapidamente o short azul, com listras brancas e, entrou no campo.
Lá chegando, pediu a bola. E como era bem maior e pesado que os moleques, pode perceber que não haveria negativa.
Oliveira colocou a redonda na marca que havia feito no solo, ajeitou-a com tranqüilidade e, mandou que o pirralho tentasse segura-la, debaixo das traves.
Aquele chute que ele deu, meu amigo, nem o Gilmar da seleção de 58 pegava.
O míssil que voava à baixa altitude, numa velocidade incrível, acertou o punho direito do guri. A fratura do rádio, que encavalou, produziu um inchamento; logo, sem irrigação, o antebraço enegreceu.
O moleque chorava rolando pelas areias do campo.


Capítulo 7


Quando Francisco de Paula foi comunicado por Augusta que o menino da inferneira, estava com o braço engessado, rejubilou e disse para a mulher e filhos que a justiça da seita maligna do PAVÃO DO VIEGAS PRETO, tardava mas não falhava nunca.
Os fatos serviram de conforto àquelas pessoas, que por estarem limitadas materialmente, murmuravam contra os que tinham à sua disposição, pelo trabalho honesto, melhores condições financeiras.


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