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cronicas-->E há quem diga que não se pode Ser Feliz! -- 10/06/2003 - 20:16 (•¸.♥♥ Céu Arder .•`♥♥¸.•¸.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Se há algo que me dá grande satisfação é a leitura.
Além de informação, ela me traz bem-estar, companhia, solidez.
Quando leio, vivencio cada palavra, frase, parágrafo... Numa absorção tão intensa, como se saboreasse uma deliciosa barra de chocolate. Gosto de acariciá-la na língua e, lentamente, vou sorvendo e sentindo aquela doce liquefação. Creio que melhor que isso, só mesmo um orgasmo direcionado... Huuuuuuummmm!!!!!!
Num desses momentos, querendo adormecer, peguei na estante um livro, ao acaso...
"Mevitevendo", cronicas, de Arthur da Távola. Abri-o, também "ao acaso" e caiu-me nos olhos um texto muito especial que se intitula: "A quem educa".
Foi-se embora o sono... Comecei a modelar-me naquele enredo... Entre outros conceitos, afirmava o cronista:

... "Educa quem for capaz de fundir ontens, hojes e amanhãs, transformando-os num presente onde o amor e o livre arbítrio sejam as bases.
... O ser humano não é naturalmente bom, nem naturalmente mau. O ser humano é um feixe de emoções em conflito, de poderes em confronto. Mas há alicerces básicos em seu comportamento, comuns a qualquer latitude ou longitude do terráqueo. Educa quem os fortalece, quem é capaz de dar proteínas, vigor e confiança ao lado humano do amor, mais forte que o do ódio, tanto que permite a vida do homem sobre a face da terra. E só quem educa transforma, por mais que as pessoas se iludam com o resto.
Só quem educa, em qualquer nível ou atividade, merece viver integralmente as paradoxais intensidades de que é feita a vida."

A mensagem de Arthur envolveu-me o "cantinho didático do coração"...
Tenho muitos anos de magistério, mas ensino hoje, talvez, com mais entusiasmo do que no começo, quando a minha natural timidez de "novata" e a proximidade cronológica com os alunos constituíam certo empecilho ao meu desempenho. Mas, com o tempo, a vocação conseguiu driblar o impacto.
Aqui, entra você, que me lê: "Mas que saco! Milene escreve, escreve e não entra no assunto!"
E eu concordo plenamente... Também não gosto de textos longos. Mas é que de coração sensibilizado eu acabo por ser prolixa, para fazer-me entender, querendo que todos partilhem de minha emoção.
Este imenso prelúdio é para contar-lhe a grata alegria que me ocorreu, fruto de uma atividade, de "professora-educadora", após ter feito, com os alunos, uma dinàmica, usando um texto-mensagem de Pablo Neruda, como motivação da atividade.
Na manhã seguinte, encontrei uma dessas alunas, no mercadinho e ela me disse, com um sorriso brilhante:

"- Professora, você nem imagina o que a mensagem do texto de Neruda fez em minha vida..."

Contou-me ela que, ao chegar a casa, do colégio, tenta passar para o marido as coisas que consegue aprender. E leram, juntos, exatamente o texto trabalhado em aula. O marido, que passava pelo torturante momento do "desemprego", já, quase, com o ànimo nulo pela desesperança olhou para ela, os olhos cheios de lágrimas e disse:

"- Parece que esta mensagem foi escrita para mim. Veio no exato momento, em que já pensava desistir de tudo..."

Disse-me, ainda, que ele dobrou cuidadosamente a folha escrita, guardou na carteira e, cheio de ànimo, desproveu-se do orgulho e procurou ajuda de algum parente, que imediatamente o encaminhou para uma vaga de emprego em uma empresa de ónibus.
Começará a trabalhar na próxima semana.
Além da crónica, que motivou esta, sensibilizou-me, ainda, o breve prefácio do livro de Arthur:

"O importante para mim é que este livro, ou uma de suas cronicas, ou apenas frases, sejam buscadas como se procura os poetas: às vezes, com frequência variada; mas sempre em horas de solidão, de encontros, de fraternidade e comunhão.
Se isso ocorrer com você, terei justificado internamente o ato de publicá-lo."

E eu, no início desta modesta crónica, dizia que peguei o livro "casualmente" para ajudar no sono.

MORRE LENTAMENTE

Morre lentamente
Quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não houve música,
Quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente
Quem destrói seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar,

Morre lentamente
Quem se transforma em escravo do hábito,
Repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
Quem não muda de marca,
Não se arrisca a vestir uma roupa de cor
Ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente
Quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções,
Justamente os que resgatam o brilho dos olhos
E os corações aos tropeços.

Morre lentamente
Quem não vira a mesa quando está infeliz
Com o seu trabalho ou amor,
Quem não arrisca o certo pelo incerto,
Para ir atrás de um sonho,
Quem não se permite, pelo menos uma vez na vida,
Fugir dos conselhos sensatos...

Viva hoje!
Arrisque hoje!
Faça hoje!

Não se deixe morrer lentamente!
NÃO SE ESQUEÇA DE SER FELIZ!

Pablo Neruda

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