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Contos-->HISTÓRIAS DO ZÉCA TIRA 9 - "Arfabetizano" -- 09/03/2004 - 10:17 (ADELMARIO SAMPAIO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
HISTÓRIAS DO ZÉCA TIRA 9 - "Arfabetizano"


[De como Zéca Tira conta que ele e o compadre Bulico tiveram que freqüentar aula de alfabetização na escola da zona rural, e o quanto se divertiram por lá]

Num sei leiá num siô. Se bens qui inté já pelejaro pa tafuiá essa trenhama das leitura nas idéia de nóis. A fia pelejô cumigo, ma num havera mei dessas coisa intrá nos meu miolo.
Despois qu’eu desamininei das infança, os povo já vei por aqui, feis u as iscola pa tudo qu’era banda, e inté pelejá eu pelejei. Ma sa’cumé, nos dia nóis tá garrado no trabai brabo, e desnoite, nóis num tem mai zói pa oiá, memo ca prefessora seje um trem dos mai jeitado. A daninha vei qui in casa, proseô uns trem bão, falô qui ninguém veve sem as lêta, ma eu fiquei só suntano os proseado, proque sô munto inducado, e num quiria rifiri qui tô canso de vê muntos memo deis pitititim sem sabê memo um isso de lêta, e vevê inté ma véi qui os pai do cumpade Bulico, qué o homem ai véi qu’eu nos meu cunhecimento já cunhici.
Bão, mai tava rifirino a prefessora. U a moça das mai boa memo. Macia qui nem mantega pá prusiá. Pessoinha gradave memo. "Ói seu Zéca, tô disperano siô ni’scola". Fiquei té memo incustrangido, cumo diz no cumerso. A moça memo troxe uns caderno, uns lapi, uns lrivo, quera presente pr’eu. Agardici memo de arma gardicida. "O siô vai, seu Zéca?" Num tive memo jeito de desdizê qui num inha. Mai tava memo mainano qui isso já era coisa de minino, e qu’eu num mai prendia, e qui nem memo pricisava, proque num prendi memo té agora, num mai pricisa.
Ma a don Orora, qué o nome da prefessorinha boa que te paricia u’a leitoinha do tanto quera memo jeitada, quiria proque quiria, e té dixe qu’eu inha gostá, qu’eu isso qu’eu aquilo, e num tive memo cuma dexá di i, proque a sistença foi munta. Demais, qu’ela feis as mema gintilêz co cumpade, e rifiriu pa mim co cumpade inha.
Bão, destarde, tomei um bãe de bica, pa tirá a nhaca de bode ca muié rifiria qu’eu tem, ponhei um parei de ropa novo, e lá vô eu muntado no meu cavalo pr’iscola. Pareceno um nun-sei-o-quê, destamanhão, fazeno as veis de minino.
"Munto bão, tô memo sastifeita cons tudo anseis qui tá memo asprender de as lêta". Foi a prefessora, caquele jeito memo de prefessora pa proseá, qui arrifiriu pa nóis. Eu memo num tava munto sastifeito, proque sô memo home de drumi cas galinha de tão cedo, e num tava memo cos ói bão pa ficá regalano pelejano pa num drumi.
Pro mal pregunte, o sô já inscuitô conde fais treço? Sa o quê qué treço? Eu isprico: Conde nun chove, nóis fais um treço, pa tudo conte é santo, e mai Deuso, qui é o santo chefe do otos santo, e São Jesuis judá nóis, e num havera de vê cas reza val memo qui condefé cumeça memo chovê qui num para mai té memo lá pros meis dos verão. Ma eu memo num sô munto des negorço de rezá, proque toda veis que nóis vai rezá os treço me dá u a molança daninha. Code as muié proseia "ave-maria-chea-desgraça-cosiô-escunvosco...", já memo dá u a molança daniha. Ma conde os home arresponde "santa-maria-mãe-de-deuso-rogai-pronóis..." já memo num tô guentano proque es muscança nos meu pé d’ovido é memo qui chá de varsidrera. E memo nóis tá cas idéia de fazê treço só memo desdia, proque num ai que num drome desnoite.
Intonce tava rifirino da iscola. A prefessora prispiô cos negorso pareceno memo cas reza de treco: "B - a, bá. B – e, be. B – i, bi. B – o, bo. B – u, bu”... O cumpade Bulico é munto debochado, e tava memo ansim pertin de mim, e proseô só memo pr’eu iscuitá, qu’esse trem tava memo pareceno cas farta de chuva. Qui nóis inha drumi loguim. Praquê?... Nóis num memo aguentô sem num ri. E inté qu’eu num quiria memo ri mai num teve manera do cumpade num ri. Bão, o sô sa’cumé es’trem. Socê perzencia um chorá nos veloro, já memo cumeça quereno té memo laima vertê. Ma socê vê o cumpade Bulico ri, num ai cristão qui agueta sem num ri. Nóis riu inté de duê as barriga, e as cara de nóis tamém duía e tudo. Tudo mundo cumeçô ri, e inté a prefessora quis fazê u a cara de cu de galinha, ma só guentô memo um poco, proque foi memo qui fazê cosca no subaco de minino. E condefé inté a prefessora tava memo dos risadô aberto, e cas mão na barriga, ria qui nem nóis memo.
Cuma num parava memo de ri, foi ca don Orora rifiriu qui tava memo nas ora dos recrei, e qui nóis podia discansá um poco os assento pa cuntinuá cas matéra.
Vortemo dos tal recrei, já tudo mundo sero, a prefessora ca cara de cu de galinha qui mai sero num tem, e já num falô mai de reza e tudo mundo cumeçô a predê fazê u as conta. Ma o cumpade qué memo munto debochado, num tava isquicido das reza. Eu memo num tava quereno oiá prele, proque num quiria ma ri, proque tava memo cum vregonha de sê um qui-nem-minino. A prefessora riscô uns garranco no quado, e nóis cumeço a prendê qui um risquim pa baxo é "um"; o dezem dum patim, é “dois”; u a muié cuns peito e barriga é “treis”; u’a cadera cós pé pra riba é “catro”; e foi nóis prendeno as táis matemaca, e eu quereno isquecê das reza, nem dava liga pos vizin.
O cumpde Bulico tava fazeno de sero qui só. Cuma já tinha andado pras iscola, já rifiria pa mim as coisa qui inha contecê. Ma eu num tava de prosa quele, quera pa num dá lurgá a poca vregonha duns homão qui nem nóis, ficá nos discomportamento. E memo proque condefé eu tava memo cumeçano intendê os tal dos risquim, e cumecei querê sabê qui nrumo é meió qui leta p’aprendê.
Bão, condefé, vem o cumpade cas invecioniça dele: "Em cumpade, cê sabe qui nas conta, havera de tê u a reza munto boa qui chama reza das tabuada?" Num dei assunto. Tava memo quereno pestá tenção na prefessora, proque tava memo achano teressante os nergoço dos nrumo.
Ma o cumpade qué memo munto debochado memo, num saguentava de cocera nas língua. Pareceno quela num tava memo cabeno nas boca. Tod’orinha chamava eu pa proseá ota bestera: "Em cumpade. Ma tem u a reza cocê vai gostá dimaaai". Eu, havera de ficá quetim no meu canto, dei assunto, e foi aí que as coisa disandô memo pos lado qui num divia, conde preguntei qui reza qui era. Ele proseô bem sero cas prosa grossa dele: "É a reza do C". Intoce preguntei se era de eu quele tava rifirino. Ma ele ispricô ca cara ma severgonha: "Não cumpade num é de ocê co tô rifirino. É da lêta C. Cumeça ca cara, e vai desceno. C mais A, ca de cara. C mais E, ce de cerbo”. Ma eu fiu besta memo de preguntá. Foi conde ele ispricô qui a reza cabava no “C mai U, cu, de cu memo”...
Nu percisa contá qui nóis num guentô sem ri... E foi di novo a mema baruiama de rizada qui a prefessora teve qui cabá a runião...

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Adelmario Sampaio
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