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Contos-->O SORO DA MORTE -- 10/03/2004 - 11:48 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O paciente naquela manhã, ali no hospício do doutor Brady Kardia, foi conduzido ao leito arrumado com lençóis brancos, porém sujos, e amarrado na cama.
O algoz, na figura dum enfermeiro da inferneira, falando com ele como se falasse a um moleque travesso, com o dedinho em riste, dizia que, agora sim, ele veria o que era bom pra tosse.
Angustiado, o cabeça fraca, aguardava um afago, aconchego ou cafuné, mas na verdade o carrancudo plantou, ao lado esquerdo da cama, um aparato onde pendurou o recipiente de soro, cuja cor indicava algo não muito usual.
Expelindo um grito contra um fujão que se levantara da cama, sem sua ordem, Carlos o capitão-do-mato, espetou a agulha do cateter na veia mediana do braço esquerdo do impaciente e, correu pra caçar o evadido.
Depois de alguns minutos em que o fluído já transitava com o sangue, pelas vias tortuosas, do corpo enfraquecido, o paciente pode perceber que estava sentindo-se cada vez mais desconfortável.
Chamou o carcereiro, mas ele não ouviu. Aumentou o volume da sua voz, clamando por atenção, mas não foi atendido. Gritou, esgoelou e implorou para que alguém viesse retirar aquela porcaria que o fazia sentir-se péssimo. Mas ninguém atendia. Chorou pedindo a Deus, por Jesus Cristo, que o livrassem daquela agonia.
O carrasco chegou esbaforido, fechando a braguilha e, olhando para o acamado, com reprovação, apertou os nós das faixas que o prendiam ao leito. Abriu o controle do fluxo do soro e mandou que o infeliz calasse a boca. Ele ficaria bom.
Na enfermaria o telefone estridulava assustador. Perplexo, Carlos correu para atender o chamado. Ao fundo outro paciente levantando-se da cama e, num impulso irrefreável, correu sobre um terceiro, acamado à esquerda e iniciou um espancamento.
Quando parecia que tudo estava sob controle, surgiu Elza a jovem neurastênica que, descabelada, trabalhava, naquele dia, na administração. Seus serviços usuais eram os da faxina, mas com a contenção das despesas, ela substituía a titular que viajara pra Fernandópolis. Elza informou, ao enfermeiro exaurido, que os salários daquele mês atrasariam no mínimo oito dias.
Contendo a explosão de ira que se avolumava no seu ser, Carlos atendeu aquele telefonema; ele julgava ser seu último ato, no hospital, naquele dia.
Era Augusto, ao telefone. O urubu do pool das funerárias da região que, com seu canto de sereia, propunha, naquele dia, medidas práticas urgentes, referentes aos acordos de ambos. Conversaram por longo tempo. O clima estava tenso; havia muito nervosismo. Ao fim da confabulação, deprimido, Carlos desligou o telefone.
Com a cabeça quente, Carlos apanhou uma seringa velha, de 5 ml, de vidro já escurecido e entrando no banheiro, aspirou com o instrumento, a água da latrina.
Voltou pra enfermaria e conectou uma agulha média na bisnaga. Caminhou até o maluquete, que chorava, clamando por sua liberdade e, injetou no soro o veneno que pegara momentos antes.
A vítima sentiu logo o efeito desagradável da coisa. Não satisfeita sua sanha, Carlos foi até o pátio e, mandou outros dois doentes carregarem aquele que babava desacordado, debaixo da trave da quadra de esportes.
O babão foi amarrado na cama. Carlos aproximou-se e retirou do seu braço 15 ml de sangue. Era pouco, mas isso seria apenas o começo.
Com o sangue contaminado, Carlos abordou o infeliz, que enlouquecia na cama, sem saber o que se passava e dizendo: “Isto é pelo estupro que você fez lá em Campinas. O garoto e a família dele, nunca vão se esquecer de você. Portanto é bom que você também não se esqueça da minha pessoa com muita facilidade”, e dizendo isto, injetou no braço direito da vítima o plasma do inferno.
Essa era a justiça da seita maligna do pavão louco e do bundão preto.
Ninguém poderia imaginar, que o estuprador, na verdade, não era o infeliz que jazia, inchado, naquele hospital.


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