NATAL
Gildo Henrique
Não Deixes tua noiva, filho de Davi,
Não partas assim, pensativo, em segredo,
Ouve o profeta, despreza o medo,
Pois, Emanuel nascerá por aqui.
Nessas terras, onde um rei que tanto
Investe, com inveja, contra a profecia,
Reis magos avisam que uma estrela-guia
Indica o rumo do casebre santo.
Ao fugires levando tua amada e o menino,
E no Egito aguardares pela voz de Deus,
Pensa que guardas o Rei dos Judeus,
Que, assim, cumprirá sagrado destino.
Salve, Bendita! Eis a saudação:
Bendito é Teu filho que irá nascer!
Tua prima, por certo, vai te receber,
E, do ventre dela, se alegrará João.
Gabriel, o anjo, disse em Nazaré:
“Salve agraciada, o Senhor é contigo!”
Em teu colo manso encontrará abrigo
A criança que, um dia, norteará a fé.
Não te entristeças: presságios, pavor...
Raquel não querendo ser consolada,
Herodes, a dor, o exílio, a empreitada,
Bendita és, mãe do Salvador!
Menino, vendo-Te assim deitadinho
Em meio à paz que no presépio existe,
Em sonhos quero Te falar, tão triste,
Sobre o que Te espera ao longo do caminho.
Reis, pastores, animais, enfim...
Tua família ao Teu redor, a luz...
Não posso esquecer a morte na cruz
Para salvar a humanidade, por nós, por mim.
Envolto em panos, manjedoura tão linda,
Ao Te olhar, vens e diz-me ao ouvido:
Alegra-te, homem, tudo deve ser cumprido,
Estarei contigo, se me quiseres ainda.
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