Escutando Um Amigo
Para Nathan de Castro
Um dia menos cinza e até
com carinho pude ver o sol.
Bem devagar e por enquanto,
faças da tua dor, Dia Santo
Bem sei o quanto te guardas
do amor, em sonhares rachados,
vazios de um verso maior
nascidos, banhados,quebrados
espatifados num atol.
Bem sei do tempo em bemol
da demora com que aguardas
dentro de uma espera menor
a chave do cofre do céu
chocolate, recheio de mel
de um beijo em lábios de romã.
Vai em busca deste achado
da tua mulher de maçã.
Atravessa à esquerda, eu acho,
e siga, do oeste, a estrada
contra as águas do riacho
e vá rompendo correntes.
Logo saberás teu seguir
por perfumes densos, quentes.
Não te deixes dissuadir
por confeitos de sedução
ou isinuação das serpentes
onde a ilusão se curva
e a volta esconde-se turva..
Hás de tua meta seguir:
afasta-te do chão minado
mas não te afastes de minas.
Bem sei que está na essência
quase quente, por um triz
do fundo do teu coração
na ponta da terra o nariz
de quem te desdobra em cadência.
Em algum nó da memória
em alguma relva macia
guardada em fogo adolescente
seios, flores de menina
de uma, mais tenra maria
perdida do raciocínio
chorou todos olhos d água
como tu, em Patrocínio
fechaste a fonte das mágoas.
Um pouco mais tarde, talvez,
o desenlace da história.
E esta tristeza de agora
achará alegria em outrora
onde é tua, a hora e a vez
de mandares o adeus, embora
.Elane Tomich
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